Invincible não pretende ser mais do que aquilo que apregoa. Uma empolgante história de super-heróis onde os anos efectivamente passam (ao contrário de nas duas grandes editoras, cujos personagens permanecem na mesma idade durante décadas), onde actos têm consequências, onde a mudança do status quo é regular e permanente. O novo volume da saga do herói titular não é excepção. Contudo, parece-me existir algo mais. A homenagem a uma das grandes histórias desta literatura: Watchmen.
É impossível revelar o porquê desta minha opinião sem desvendar alguns dos mais interessantes enredos que ocorrem nesta revista. Quem, recentemente, tem acompanhado as aventuras de Invincible, desconfia do que estou a falar mas, com este volume e com a sua conclusão, torna-se inevitável que sejam feitas comparações com a grande obra de Alan Moore e Dave Gibbons. Ainda assim, gostaria de voltar a frisar que isto trata-se, tão somente, de uma opinião e, mesmo que tenha sido a intenção do autor, este não pretende fazer mais que uma tangencial referência. Fica a curiosidade atiçada.
O trabalho de Kirkman e Ottley é paradigmático da liberdade que os dois autores procuraram e encontraram com o mundo de Invincible. Tudo é efectivamente possível e nenhuma mudança é radical demais. Ainda que o herói seja uma curiosa amálgama entre o Homem-Aranha e o Super-Homem, as semelhanças ficam-se pela forma. No já recôndito início da saga, eram claras as influências e homenagens do escritor. Hoje, se existe algum título com o qual se pode estabelecer algum tipo de paralelismo, será com Savage Dragon de Erik Larsen, também da Image: nada permanece imutável e muito menos o protagonista. Ora, os dois autores aproveitam ao máximo essa capacidade de re-invenção permanente e oferecem aos seus "clientes" leitura de puro entretenimento. A surpresa é o "lugar-comum" de Invincible. Nunca sabemos onde estaremos no final de cada volume ou de cada capítulo. Ademais, tudo isto sem ter de ler 500 títulos diferentes, interligados ou durante vários anos. É simples e (já agora) bom para a carteira.
Uma provocação: não consigo perceber como é que quem se diz um acérrimo leitor de BD de super-heróis ainda não deu pelo menos uma olhada a Invincible. De que estão à espera?
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