Il Capitale Umano de Paolo Virzi (O Capital Humano)

(agradecimento ao Miguel pela sugestão)

Adoro ir ao cinema com a sugestão de um amigo e sair de lá maravilhado e surpreendido. Preenchido! Enfiar-me numa sala de cinema é um dos meus grandes prazeres. E quando acontece ver um filme diferente mas bom, então é sopa no mel. Quando se vê tanto filme só queremos que haja algo diferente, mesmo que um poucochinho. Um desviozito da normalidade. Um rasgo de originalidade, ou melhor, de novidade. Nem todos vão ver em O Capital Humano algo de bom, mas vão ter de permitir eu discordar deles.

Falar do enredo é algo complicado. O filme está estruturado em quatro partes, as três primeiras contadas na perspetiva de três dos personagens sobre sensivelmente os mesmos eventos. A quarta parte é a conclusão, o remate. O filme começa com um simples atropelo de um ciclista, depressa descamba para um comentário sobre classes sociais, preconceitos (do espectador), como as mais pequenas escolhas são importantes, e acaba num estilo de conclusão que não pretende dar respostas mas antes dar ao espectador a insegurança da ambiguidade. Se isto não vos parece nada de extraordinário tenham a certeza que isso será por culpa de como eu escrevo e não tanto por causa da qualidade do filme.


A força deste filme é o argumento. Depois, é a de um realizador seguro, cuidado, atento ao que é essencial. Os atores são perfeitos nos papéis, felizes por terem em mãos corpos tão ricos e palavras tão fortes. Um filme que partilho convosco da mesma forma que foi partilhado comigo. Vão ver. Está no El Corte Inglês. E depressa, antes que desapareça.

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