Imaginem um filme
de adolescentes, recheados de encontros e desencontros amorosos. Imaginem
que não são adolescentes mas pessoas na casa dos 50 e 60 anos. Adicionem a
estes encontros e desencontros uma pitada (bem generosa) de problemas de pessoas já perto da eufemística (pelo menos em saúde) idade de ouro. Os filhos,
nos seus trinta, ou não lhes podem dar a devida atenção ou os hábitos são
estranhos e distantes. O dia-a-dia é agora recheado deles mesmos, do seu trabalho, das suas idas e vindas, dos pequenos prazeres aos quais dedicam uma parte generosa da sua vontade. Após disto tudo imaginarem um pouco, estão
perto do que Glória tem para vos oferecer.
O que descrevi no
parágrafo anterior é a vida da protagonista deste filme, meia idade, chilena,
filhos criados, nome Glória. Com a força da experiência, dança pelas
discotecas dedicadas à faixa etária na procura de coisas simples. Tempo
ocupado com pessoas de quem gosta. Pouco mais que isso. Tão difícil de conseguir. Mesmo sendo uma mulher sem complicações e
financeiramente independente. Encontra um homem para amar e com quem passar as
noites, mas envolve-se numa situação que, na sua idade, pensaríamos ser difícil
de ter.
O realizador, com
esta história, redime os mais idosos, dando-lhes uma vida que em nada difere da
dos mais novos. Desfaz-se da necessidade de ver a beleza da pele esticada para
que possamos melhor absorver a história. Desfaz-se de tudo isso. Dá-nos acontecimentos que, noutro contexto, seriam vistos apenas como mais
uma comédia romântica. Mas que adquirem uma dimensão humana e
realista. Apenas porque mudou a idade dos personagens e o peso da gravidade. Um
filme que não sendo uma obra-prima, ensina-nos a ter outra entrega e procura na
Arte do cinema.
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