Ouro de Thomas Arslan

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Nos últimos anos do século XIX não eram apenas os autóctones americanos e canadianos a tentar ganhar fortuna na corrida ao ouro do Yukon. Também deste lado do oceano partiam homens e mulheres na busca desse rasgo de destino afortunado que a busca do metal precioso advogava existir no final do caminho. Assim foi com emigrantes alemães residentes nas terras do Tio Sam, alemães como uma jovem mulher, interpretada por Nina Hoss (em repetição nas salas este ano, depois do extraordinário Barbara). Este Ouro conta a odisseia de vários alemães, guiados por um conterrâneo, pelas inexploradas terras do norte do continente norte-americano, enquanto tentam encontrar um caminho mais curto para o destino. É o relato do lento progresso por caminhos conhecidos apenas pelos índios que, pacientemente, observam estes homens e estas mulheres entrar pelas suas terras adentro, na demanda de algo que reconhecem como valioso apenas de forma distante. 
O Ouro é, obviamente, apenas uma desculpa para os artífices deste filme de usarem uma história real (inspira-se em fatos reais narrados em diários de colonos) e falar dos sempre eternos temas: no lento e inexplorado caminho; das verdades a que devemos de fato dar atenção; o que devemos deixar ficar para trás; se o que é verdadeiramente importante não fará já parte da nossa vida.
O realizador carrega e posiciona a sua câmara e conduz a narrativa de forma fria e quase documental, raramente deixando transparecer que existe um homem por detrás deste olhar, da montagem dos momentos que permanecem na versão final. Interessa-lhe o Homem. É esse que queremos ver ali exposto de forma crua e nua, sem subterfúgios, discursos grandiloquentes, ações predestinadas. Não há aqui um grande desígnio, uma verdade redentora arrematada com um discurso inspirador. Há apenas a única verdade, a dos factos, a da mãe natureza. E, só por isso, já vale toda a pena ver este filme.

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