O amigo Jordan voltou aos vampiros, uns valentes
anos depois de Entrevista com um Vampiro. Byzantium não vem revestido das roupagens “tem o Tom
Cruise e um gajo muito giro que se chama Brad Pitt. Conhecem?”. Protagonizam-no duas excelentes atrizes, Saoirse Ronan e Gemma Arterton (tão gira!), nos papéis de filha e mãe, respectivamente,
ambas vampiras com cerca de 200 anos de idade. Uma vez mais, e como já começa a
ser hábito, os autores escolhem fazer uma evolução da mitológica criatura,
escolhendo libertá-la das amarras da noite. Estas não são vampiras que
necessitem de viver em caixões ou sequer longe da luz do dia e veem-se perfeitamente ao
espelho (e, ainda bem, já que Gemma é
uma visão). Mas estes são meros apontamentos num
filme que escolhe focar-se na relação entre mãe e filha, nas diferentes
personalidades (o modo como cada decide lidar com 200 anos de
memórias é particularmente bom) e, acima de tudo, na relação destes dois “seres
humanos” com a sua imortalidade.
Não estamos
a falar de um realizador inexperiente nem tampouco sem voz. Neil Jordan é um mestre da câmara e um
exímio contador de histórias e este seu filme reitera estas virtudes. Ainda que
no final se veja obrigado a resolver alguns enredos com os obrigatórios clímaxes, não o faz em detrimento da
inteligência e da sua idiossincrasia. O que, até aí, era um reflexo cuidado
acerca da natureza de duas mulheres diametralmente opostas que se veem
obrigadas a lidar com uma situação de moralidade dúbia, não é
arruinado, antes se transforma e evolui para outro comentário, o da evolução do
papel do género feminino na sociedade. Digo-o com todas a letras: ainda
bem que saímos desse modelo machista e estamos, ferozmente, a entrar neste paradigma.
Já agora,
não me canso de dizer, não são necessários caríssimos efeitos especiais ou
pós-produção em Photoshop para fazer
um filme, mesmo que de fantasia. Basta a câmara bem apontada e planos bem
construídos e conseguem-se efeitos que, não só são mais reais, como francamente
melhores. Este Byzantium é um deles e
lembro-me também de Stoker de Chan-wook Park, que infelizmente não vai
estrear em Portugal (um dia falo dele aqui).
Room 237 é um outro bicho. Para começar, é um
documentário e, desde que o vi anunciado algures na Empire, estava doido para o ver. Estamos a falar de um relato à
volta das variadíssimas, escabrosas e rocambolescas teorias acerca dos significados
escondidos em The Shining do mestre Stanley Kubrick. Quando se fala de
rocambolescas é, verdadeiramente, do que estamos a falar. Obviamente que não
teço qualquer tipo de julgamento de valor acerca da validade das mesmas, mesmo
porque sabemos que Kubrick era tudo
menos um realizador e autor limitado e inconsequente. Para quem gosta destes
quadros sobre as mentes do fãs em funcionamento tem, em Room 237¸ uma fabulosa exposição. As apresentações oscilam entre
“hum, se calhar até faz sentido!” e
“meu deus, a sério? Não será esticar um
pouco a coisa?” (ui, já fiz um julgamento).
Como é
necessário (mas nem sempre obrigatório ou conseguido), o realizador
distancia-se, sempre que pode, de qualquer tipo de juízo de valor, escolhendo
que os diferentes teoristas exponham as suas diatribes com a eloquência
necessária. Contudo, o autor do filme nem sempre é inocente na exposição das
cenas, muitas vezes colocando lado a lado diferentes teorias sobre um mesmo
momento do filme - como o faz acerca do significado dos padrões do tapete que
aparecem no poster deste documentário
e que, pelos vistos, são tão relevantes para a compreensão do The Shining.
A ver, principalmente para os fãs de cinema e do mítico filme de Kubrick.
A ver, principalmente para os fãs de cinema e do mítico filme de Kubrick.
Em baixo podem ver os trailers dos filmes.
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