O meu MoteLx – Byzantium de Neil Jordan e Room 237 de Rodney Ascher


O amigo Jordan voltou aos vampiros, uns valentes anos depois de Entrevista com um Vampiro. Byzantium não vem revestido das roupagens “tem o Tom Cruise e um gajo muito giro que se chama Brad Pitt. Conhecem?”. Protagonizam-no duas excelentes atrizes, Saoirse Ronan e Gemma Arterton (tão gira!), nos papéis de filha e mãe, respectivamente, ambas vampiras com cerca de 200 anos de idade. Uma vez mais, e como já começa a ser hábito, os autores  escolhem fazer uma evolução da mitológica criatura, escolhendo libertá-la das amarras da noite. Estas não são vampiras que necessitem de viver em caixões ou sequer longe da luz do dia e veem-se perfeitamente ao espelho (e, ainda bem, já que Gemma é uma visão). Mas estes são meros apontamentos num filme que escolhe focar-se na relação entre mãe e filha, nas diferentes personalidades (o modo como cada decide lidar com 200 anos de memórias é particularmente bom) e, acima de tudo, na relação destes dois “seres humanos” com a sua imortalidade.

Não estamos a falar de um realizador inexperiente nem tampouco sem voz. Neil Jordan é um mestre da câmara e um exímio contador de histórias e este seu filme reitera estas virtudes. Ainda que no final se veja obrigado a resolver alguns enredos com os obrigatórios clímaxes, não o faz em detrimento da inteligência e da sua idiossincrasia. O que, até aí, era um reflexo cuidado acerca da natureza de duas mulheres diametralmente opostas que se veem obrigadas a lidar com uma situação de moralidade dúbia, não é arruinado, antes se transforma e evolui para outro comentário, o da evolução do papel do género feminino na sociedade. Digo-o com todas a letras: ainda bem que saímos desse modelo machista e estamos, ferozmente, a entrar neste paradigma. 
Já agora, não me canso de dizer, não são necessários caríssimos efeitos especiais  ou pós-produção em Photoshop para fazer um filme, mesmo que de fantasia. Basta a câmara bem apontada e planos bem construídos e conseguem-se efeitos que, não só são mais reais, como francamente melhores. Este Byzantium é um deles e lembro-me também de Stoker de Chan-wook Park, que infelizmente não vai estrear em Portugal (um dia falo dele aqui).

Room 237 é um outro bicho. Para começar, é um documentário e, desde que o vi anunciado algures na Empire, estava doido para o ver. Estamos a falar de um relato à volta das variadíssimas, escabrosas e rocambolescas teorias acerca dos significados escondidos em The Shining do mestre Stanley Kubrick. Quando se fala de rocambolescas é, verdadeiramente, do que estamos a falar. Obviamente que não teço qualquer tipo de julgamento de valor acerca da validade das mesmas, mesmo porque sabemos que Kubrick era tudo menos um realizador e autor limitado e inconsequente. Para quem gosta destes quadros sobre as mentes do fãs em funcionamento tem, em Room 237¸ uma fabulosa exposição. As apresentações oscilam entre “hum, se calhar até faz sentido!” e “meu deus, a sério? Não será esticar um pouco a coisa?” (ui, já fiz um julgamento).

Como é necessário (mas nem sempre obrigatório ou conseguido), o realizador distancia-se, sempre que pode, de qualquer tipo de juízo de valor, escolhendo que os diferentes teoristas exponham as suas diatribes com a eloquência necessária. Contudo, o autor do filme nem sempre é inocente na exposição das cenas, muitas vezes colocando lado a lado diferentes teorias sobre um mesmo momento do filme - como o faz acerca do significado dos padrões do tapete que aparecem no poster deste documentário e que, pelos vistos, são tão relevantes para a compreensão do The Shining

A ver, principalmente para os fãs de cinema e do mítico filme de Kubrick

Em baixo podem ver os trailers dos filmes.

  

Sem comentários: