Volta cinema-blockbuster que estás a-perdoado!…

Recentemente, vi três filmes que fazem parte da temporada dos blockbusters e que me fizeram pensar que já nem nisto os nossos amigos americanos são bons: Oblivion; Red 2; The Great Gatsby. Desculpem se ofendo alguém mas é que não percebo onde é que anda a cabeça das pessoas responsáveis por fazer coisitas destas.

Quem lê este blog repara que são raríssimas as vezes que se escolhe falar mal de alguma coisa. É que achamos que o tempo dos leitores é precioso demais para dizermos que algo não vale a pena ler, ouvir, ver, etc. Gostamos de gostar e gostamos de partilhar o que gostamos. Mas, depois de ver estes três filmes, muito próximo uns dos outros, achamos que “alguma coisa está podre no reino da Dinamarca” (uma citação do Shakespeare, que intelectual!).

Oblivion e Red 2 são daqueles filmes de ação que sabe-se à partida não ir puxar muito pelos neurónios - se bem que o Oblivion até nem prometia ser o caso. Assim uma coisa bem descontraída, sem pretensões de resolver questões existenciais e filosóficas, apenas tempo bem passado a ver malta aos tiros, à porrada ou às duas coisas ao mesmo tempo - que o dinheirinho dos espectadores tem de ser bem justificado. Já agora, os Americanos, segundo estes filmes, devem viver vidas bem violentas, graças a deus. É que toda a gente quer matar toda a gente com armas bem grandes e barulhentas. É um fartote!

Oblivion e o Red 2 são tão chatos e previsíveis que nem sequer as cenas de ação nos reconfortam. O Tom Cruise deveria ter juízo naquela cabeça, que as plásticas que mete em cima já não ajudam a disfarçar que a diferença de idade em relação aos seus interesses amorosos anda na casa dos 15 a 20 anos – pobres mulheres, que qualquer dia andam de cena de porrada em cena de porrada com uma algália na mão. Esta obsessão de Hollywood pela juventude sempre existiu, mas gostamos de pensar que, com o passar do tempo, a humanidade deveria ser um pouco mais esclarecida e não ter necessidade de repetir erros. Podem haver homens de meia-idade em filmes de ação que se interessam por mulheres da mesma geração, OK? Nisto o Red 2 é melhor! A diferença entre o Bruce Willis e Mary-Louise Parker é de apenas 11 anos e estamos a falar de um filme que tem como protagonistas assassinos perto da terceira idade.

Mas isto não é o pior!

O pior é o argumento básico, redundante, previsível, e estou a ser simpático porque o que deveria dizer é que ele é…inexistente! 

Em Oblivion é sofrível ver uma citação de uma poema a ser repetida ad nauseum como se isso desse qualquer tipo de credibilidade literária a algo que peca por desligar todos os neurónios e ser meramente formulaico. Para isto ser mais cliché só faltava a citação ser de Shakespeare (em Portugal era Pessoa). Graças a Deus que pouparam o bardo desse crime.

Red 2 não é nada, mesmo nada, melhor. Há cena de ação chata e repetitiva atrás de cena de ação chata e repetitiva e o que acontece de interessante entre elas coube tudo no trailer (e isto é já uma tendência recorrente). Parece que alguém pegou em várias páginas de outros filmes, mandou-as ao ar e as que caíam em cima da mesa eram usadas para cenas com os personagens deste filme. Mudaram o nome e… pumba… está feito. Um pouco mais de esforço… ósazfavôr! Será que os filmes andam tão caros que se poupa na farinha para gastar no farelo? Traduzindo… argumento. Para quê tê-lo quando posso ter mil balas ao segundo e umas mamas (sugeridas, claro, como convém num filme americano)? Dá no mesmo, não é?

Obviamente, de propósito não falamos do The Great Gatsby do amigo Luhrmann, por este não se tratar de um filme de ação, se bem porta-se como tal. Alguém por favor dê ao senhor Baz um Xanax que o rapaz não sabe o que é contenção e calma. Vá lá, amigo, conta até 10 antes de meteres a unha na mesa de montagem. Não é preciso mais confettis, mais pessoas, mais frenesim entre cenas para que um filme seja atraente. Isso funcionou bem nos teus excelentes filmes, Romeo+Juliet e Moulin Rouge, mas não precisa ser aplicado a tudo e desta maneira. Tive o prazer de ler o livro e não me lembro do Fitzgerald ter escrito como se tivesse que tirar o pai da forca. Havia contenção, descrição, calma, subtileza. Baz, tu atiraste todos estes recados pela janela e substituíste-os por uma explosão numa loja de M&M’s. (Nota - O Leonardo DiCaprio é a única coisa que se aproveita no filme todo!).

Finalmente… The Great Gatsby sofre de uma coisa que já começa a ser um problema grave no cinema norte-americano: excesso de efeitos especiais e visuais computorizados. Em alguns destes filmes, não há cena banal de rua ou pôr-do-sol que não leve um pixelzito de “melhoria” em cima, um photoshopzito a puxar o contraste e a intensificar a cor. Senhores, a natureza é melhor. Quando algo existe na realidade, peguem na câmara e vão filmar à rua. A tecnologia ainda não chegou ao ponto de ser mais bela que a mãe de todas as mães. Parece… mas não é! (quando falo disto só me apetece referir o Hobbit, mas já chega de tristezas). Será por causa do malfadado 3D? É ele que exige que as coisas sejam assim? Será que estou a ficar velho?

Talvez não! É que até os pais do blockbuster, Lucas e Spielberg, acham que a máquina de Hollywood só se preocupa com franchises, com a facilidade de reproduzir dinheiro e, para isso, são necessários filmes reconhecíveis, opulentos mas que, em última análise, começam a transbordar de impessoalidade e esterilidade. E, face a estes três exemplos, começo a recear que eles têm alguma razão. Mas pode ser que seja apenas azar meu!

(NOTA - estou consciente da ironia de eu gostar de super-heróis e dos seus filmes serem, hoje em dia, uma das maiores fontes de rendimento de Hollywood mas, ainda assim, não sou da opinião que a maior parte deles tenha atingido um nível de qualidade baixo).


2 comentários:

Nuno Amado disse...

LOOOL
Não vi nenhum dos 3, um dia destes saco algum deles e vejo... mas amanhã quero ver se vejo o Elysium no cinema...
:D

SAM disse...

É pá... não sei se vale a pena perderes o teu tempo. LOL Lê umas BD's... eheheh...