Quando nos afastamos das parangonas dos jornais, quando refletimos
acerca do dia-a-dia, quando deixamos de olhar apenas para aqueles que nos governam
e deslocamos o “ver” para nós mesmos, provavelmente chegamos a conclusões muito
parecidas àquelas a que o realizador deste Uma
família respeitável chegou. Não basta gritar que as coisas estão mal. É
necessário e urgente que não façamos coisas mal. É necessário e urgente que as
ações que temos sejam mais fortes que as palavras com que enchemos o ar. Não
basta espernear, é necessário pontapear. E isto não é um apelo à violência. É
um apelo à palavra e à ação.
Um professor a viver há 25 anos em França, é convidado a
leccionar um curso de 6 meses no país natal, do qual fugiu, o Irão. Mas, findo
o período, é-lhe difícil regressar, não porque teve um reencontro com a cultura
mas antes porque, efetivamente, as autoridades criam-lhe dificuldades. O
passaporte não lhe é devolvido, insistem para que continue a sua atividade como
professor universitário (ainda que com a apropriada dose de censura), tudo
orquestrado para que não volte a esse antro de liberdade que é a Europa, sitio
onde não existem leis, isto segundo alguns dos com quem o professor se cruza.
Contudo, nem tudo o que parece é. O que parecia ser um
lugar-comum ascende a outra esfera, mais complexa, com uma revelação que ocorre
a 2/3 do filme e que se prende com o que refiro no primeiro parágrafo deste
post. A mensagem torna-se um pouco mais universal e menos geográfica e algo que
com qualquer povo, independentemente da latitude e longitude, pode se identificar.
Existe força nessa mensagem, uma força que todos devem estar preparados para
absorver. Porque esta é uma carapuça que todos deveriam enfiar. É que eu
enfiei!
Sem comentários:
Enviar um comentário