The Bling Ring de Sofia Coppola


Sofia, amiga, já chega! Como dizem os americanos: “You’ve made your point!” Gostei deste teu filme, é deliciosamente bem escrito e enquadrado pela tua objetiva, mas já falaste destes temas de uma forma ou outra. Na Marie Antoinette, no Somewhere. Já falaste do mundo isolado dos privilegiados, daqueles que tiveram a sorte de ser bafejados pelo nascimento em berço de ouro, pelos desajustados da sociedade, dos 1% que não têm ou sequer compreendem os referenciais dos 99%. Acho que chegou a altura de saíres dos átrios de hotéis de 5 estrelas, esquecer os famosos, quer dos aspirantes quer efetivos, deixares o distanciamento irónico com que abordas os temas que tão bem conheces (porque viveste neste mundo) e voltares a outros, mais mundanos mas nem por isso menos relevantes. Eu sei que eles são pertinentes o suficiente para continuar a ser abordados, mas podes voltar às Virgens Suicidas ou tocar neles tangencialmente através de outros olhos, outros pontos de vista. Vá lá… aqui o amigo está do teu lado!

A história de The Bling Ring é inspirada em fatos verídicos e recentes. Um grupo de jovens sem nada de melhor para fazer, dedicam-se a invadir e a roubar itens de pequena importância da casa de famosos. A cultura da idolatria das figuras públicas é obviamente focado, além da vacuidade dos objetivos de vida de cada um dos assaltantes, tudo obrigatoriamente usado como reflexo do resto do mundo, que se importa mais com o facto do Ben Affleck vir a ser o próximo Batman do que com o massacre de milhares de civis na Síria.

Mas mesmo que vestido de roupagens irónicas e intelectuais não é também esta uma forma de continuar a focar estas pessoas? É sempre mais agradável ver a beleza de Emma Watson a dançar numa discoteca do que ver os afazeres diários das mulheres distanciadas da sociedade pela religião e cultura. Claro que não há mal nenhum em qualquer um dos lados da abordagem, mas parece existir uns mais abordados do que outros. Se calhar é uma questão de referenciais do realizador e, volto a sustentar, os de Sofia talvez possam ser mudados. Tudo o que ela diz é correto, bom e bem argumentado, mas também redundante face ao que “escreveu” em filmes anteriores. Por outro lado, fossem todas as redundâncias como as de Sofia Coppola que, mesmo num filme que se parece com seus anteriores, continua a ser melhor que muitas novas mensagens por aí espalhadas. 

1 comentário:

Cassete Riscada disse...

O filme é bom. Se calhar ela gosta deste género. Se for sempre assim não se está nada mal :)
Gosto muito da banda sonora.