Promised Land de Gus Van Sant


Gus Van Sant há anos que não falha. Ainda que nem todos os seus filmes tenham sido brilhantes, continua a construir, obra após obra, um impressionante currículo. Destaco Inquietos de 2011, em que transforma, com a sua visão ao mesmo tempo clínica e poética, o amor adolescente, ou o já “antigo” (2003) mas extraordinário Elefante. Outros esforços foram, pelo menos para mim, menos interessantes, como Milk ou Paranoid Park
Este Promised Land está mais perto das obras de qualidade do que aquelas que ficaram aquém da bitola do autor, devolvendo-nos a paisagem da América profunda, tão querida a muitos realizadores estado-unidenses, onde os habitantes vivem entre a letargia e o desejo por um mundo mais moderno. A história é actual e simples. Uma corporação multimilionária quer explorar as reservas de gás natural de uma pequena povoação do interior e cabe aos dois personagens principais, trabalhadores desta empresa interpretados por Matt Damon e Frances McDormand, convencer os habitantes a alugar as suas propriedades para permitir essa exploração.
Ainda que o pano de fundo pareça um relativo lugar-comum, o modo como o argumentista e o realizador constroem a história não padece do mesmo mal. Preferem ir construindo o castelo com pequenas frases, diálogos e situações ambivalentes o suficiente para fornecer o devido cérebro ao conteúdo. Nenhum dos autores coloca-se no lado definitivo da resposta. Ninguém vem aqui para dizer qual o caminho correcto. Ninguém é o mau da fita (como aliás o personagem de Matt Damnon está tão preocupado em provar). Este tipo de narrativa, não distante mas antes exploratória e expositora (será que a posso assim chamar?), funciona bastante bem nas mãos deste realizador.
Um filme que se recomenda, pela universalidade da mensagem, pelo facto de usar como pano de fundo uma galeria de situações que, ainda que tendo como palco o interior americano, não é totalmente distante da nossa realidade.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ok.vou ver,considero imenso as tuas opiniões,não posso deixar de referir que adorei teres usado a expressão "narrativa":) bjs xana

SAM disse...

Obrigado Xana pelo comentário. beijos.