O que vou lendo - Invincible volume 17: What’s Happening de Robert Kirkman, Ryan Otley e Cory Walker


Esta é uma série, não me canso de repeti-lo, desavergonhadamente divertida. Se querem ler algo que tenha a telenovela e acção típicos de super-heróis, sem subtextos, interpretações metafísicas, referenciais a grandes obras da literatura mundial, a eventos, a situações, pura e simplesmente uma obra divertida e acessível, Invincible é a vossa praia, confiem em mim. E é substancialmente melhor que a maior parte da arte que sai das duas maiores editoras de super-heróis do mundo, a Marvel e a DC. Porque não temos de ler mil e um outros livros para perceber todo o contexto, porque o escritor e desenhistas são os mesmos quase desde sempre (o escritor é o mesmo desde sempre), existe consistência criativa e narrativa dificilmente batida pelos vendedores de franchises que são as duas gigantes americanas. Não me interpretem à letra, quer a Marvel quer a DC produzem muita coisa boa, mas os personagens não pertencem aos autores, o que torna difícil a inventividade e a mudança, a evolução e, muitas vezes, a maturidade dos personagens. E aqui reside uma das maiores forças de Invincible. Os personagens não estagnam nas suas incarnações iniciais, eles evoluem, crescem e morrem. Ninguém aqui está a salvo de amadurecer e crescer, perdoem o pleonasmo. Não estão presos à rotina narrativa, cada virar de página pode efectivamente trazer-nos uma surpresa.

Robert Kirkman, o escritor e criador (o mesmo de The Walking Dead) deve muito do seu estilo à influência do actual patrão da editora Image , Erik Larsen, que o cultivou na emblemática série, Savage Dragon, que infelizmente já viu melhores dias. Mas ao contrário do “mestre” Kirkman não abrandou ainda o passo, construindo um mundo e personagens de forma ao mesmo tempo familiar e fresca.
Reconhecemos todos os arquétipos que aqui estão representados. Há um Super-Homem, uma Mulher-Maravilha, um Batman, um Homem-Aranha, um Wolverine (estes nomes não estão aqui por acaso). Há uma Liga da Justiça, uns Vingadores, um Quarteto Fantástico (também não estão aqui por acaso). Mas, acima de tudo, há muito Robert Kirkman, Ryan Otley e Cory Walker. Em cada quadradinho.

Este volume, que colecciona os números 91 a 96 da série, prepara-nos para o capítulo 100, sempre um marco nestas coisas da BD americana. Curiosamente não se centra no personagem dono do título, antes em dois dos coadjuvantes, Robot e Monster Girl, e na sua inacreditável história de amor passada num mundo alternativo, onde o tempo demora de uma forma diferente. E temos uma invasão provinda desse mesmo mundo alternativo. Como é o estilo de algumas histórias de super-heróis, os dois enredos entrelaçam-se de forma íntima e pessoal para os personagens, revelando-se num todo sólido. Consistentemente sólido, como esta série já me habituou. 

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