Banda Desenhada. Porque vale a pena ler e ler e ler...

Mulher-Maravilha de Brian Azzarello e Cliff Chiang

Brian Azzarello é um homem sem papas na língua. Mas é irónico que os diálogos que escreve sejam poupados em palavras, escolhendo a síntese ao invés da exposição, a indução ao invés da revelação. Já assim era em “100 Bullets” (sem edição em português de Portugal) e continua na sua versão de “Wonder Woman” (Mulher-Maravilha).

A DC Comics teve um valente par de cojones ao, em Setembro de 2011, recomeçar do 0 todo o seu universo de super-heróis, escolhendo reinterpretá-los para uma audiência “mais moderna” e “mais jovem”, entregando todos os personagens a diversos autores e, no caso da Mulher-Maravilha, decidindo-se colocar Brian Azzarello na escrita e Cliff Chiang no desenho. Neste caso, a sorte bateu à porta, porque o título entrou para diversas listas de Melhores de 2011 e recebeu elogios vindos dos mais diversos sectores.

O método foi muito simples: Azzarello não se desviou 1 centímetro da sua sensibilidade, escreveu uma Mulher-Maravilha noir, resoluta, longe de perfeita, e envolveu-a, decididamente, no universo mitológico dos Deuses Gregos. Sem apelo, agravo, reticências ou hesitações. Estes sempre fizeram parte do universo do personagem mas nunca desta forma suja, machada e crua, em suma, reinterpretando-os como aquilo que sempre foram na mitologia: violentamente humanos; apaixonados; egoístas; mesquinhos; manipuladores.

Diana – o nome verdadeiro da Mulher-Maravilha - passou a ter uma família mais alargada, já que Azzarello decidiu mudar uma parte importante da sua árvore genealógica: Diana é agora uma semideusa, filha de Zeus, o pai dos deuses. De uma assentada, Hera, irmã e esposa de Zeus, passou a odiá-la e à sua mãe. Apolo e Ares, agora seus meios-irmãos, digladiam-se pelo trono do Olimpo. Em suma, Diana é um Hércules moderno, uma mortal com capacidades sobre-humanas, envolvida na mesquinhez e lutas filiais que é o imenso Teatro Olimpiano.

Nada mais simples, não é? Evoluir o conceito do super-heróis, regressando-o à matriz.

Já saíram 4 números e, em Abril, podem adquirir a colecção dos 6 primeiros na Amazon ou em qualquer loja de BD portuguesa.

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