Oishinbo - O prazer da Gastronomia
Mangá (BD japonesa) tem um conjunto de características muito suas e que a distinguem do resto do panorama da 9.ª Arte. Obviamente que se trata da Banda Desenhada dos homens e mulheres de olhos grandes, das caras sempre iguais. Mas estas são apenas diferenças estéticas e que podem afastar o mais causal dos leitores do essencial da questão, ou seja, da riqueza de temas e da sofisticação das abordagens.
Obviamente que existem temas que não interessam tanto assim e nem todas as abordagens são rebuscadas, mas no caso específico de Oishinbo posso arriscar dizer que o tema é interessante e a sofisticação inextinguível. Isto porque é escalpelizada a milenar cultura gastronómica japonesa, através de personagens suficientemente elaboradas para nos arrastar para além da narrativa expositora e exploratória.
Esta Mangá, escrita por Tetsu Kariya e desenhada por Akira Hanasaki, começou a ser publicada em 1983 e continua até hoje (após uma breve interrupção em 2008), tornando-se numa das mais apreciadas do género na terra do Sol Nascente. Vendeu cerca de 100 milhões de exemplares e, recentemente, começou a ser publicada nos EUA pela editora Viz Comics.
O nome da BD combina a palavra oishii, que significa “delicioso”, com kuishinbo, ou seja, alguém que adora comer, e retrata a história do repórter Shirō Yamaoka, que se envolve numa competição com um outro jornal japonês para a elaboração do “Menu Derradeiro”. Esta competição – e tal como é típico na cultura japonesa, do outro lado da trincheira está o Pai, austero e rigoroso – vai arrastá-lo pela riqueza da cultura gastronómica do Japão, a ponto de nos deixar com a certeza que este povo está munido de uma sofisticação extraordinária na arte do paladar que rivaliza com qualquer outra civilização milenar. Esqueçam o sushi e o sashimi. Esse é apenas uma pequena parte do cardápio.
A edição americana escolheu acompanhar a história não de uma forma cronológica mas antes de ingredientes/pratos. Existe um volume para sushi/sashimi, outro para vegetais, outro para arroz, etc. O que se perde em coerência narrativa ganha-se em riqueza e concentração de informação.
A qualidade é impar e o interesse que provoca no leitor é inversamente proporcional à atenção que se gera quando se ouve falar de que se vai ler de uma BD sobre “comida”. Acreditem, vale mesmo a pena. Primeiro estranha-se, depois entranha-se.
2 comentários:
Épá... uma BD sobre comida, acho que não faz o meu género!
(Embora por vezes sejamos surpreendidos!)
Abraço
Acreditem que vale mesmo a pena. Eu, pelo menos, ando delirante com esta BD. :-)
Bongpop e Joana, tenho mesmo de agradecer pelo facto de constantemente me comentarem. São os únicos mas, como diz o cliché, são bons.
Muito Obrigado!
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