Banda Desenhada. Porque vale a pena ler e ler e ler...

Swamp Thing de Alan Moore

Se existe um momento onde a BD americana deu os primeiros passos em direcção à maturidade, terá sido este. E com uma simples história de terror.

Alan Moore ainda não era conhecido como o guru da BD, como um dos seus maiores escritores, o primeiro da “invasão britânica” que assolaria a BD americana na década de 80 e que atingiria o seu zénite qualitativo com Watchmen, do próprio Moore juntamente com Dave Gibbons, e com Sandman de Neil Gaiman. Não era conhecido mas foi-lhe oferecido um título mensal à beira do cancelamento, Swamp Thing, sobre uma criatura com corpo de musgo e veias de seiva que vivia, miticamente, nos pântanos da Louisiana.

Alan Moore provou categoricamente que não existem maus personagens, apenas péssimos escritores. Juntamente com Steve Bissette e John Totleben na maior parte do seu percurso com esta criatura do pântano, Alan Moore deu uma palmada no rabo adolescente da BD americana e literalmente carregou-a aos berros em direcção, repito, à maturidade. Eram os temas que eram adultos, era a linguagem que era literária, os desenhos que eram evocativos e não apenas representativos, era o trabalho que transpirava personalidade e ponto de vista e não encomenda.

O que já existia na Europa e no Japão há algum tempo entrou na BD americana, que apenas tinha experimentado linguagens mais adultas com homens como Will Eisner, Jim Steranko, Dave Sim ou Robert Crumb. Mas com Alan Moore tudo mudou. Não só entrou pelo mundo da mais emblemática empresa de BD americana, a DC Comics, dententora do mega-famoso Super-Homem, como mostrou que mesmo nessa arte, na altura largamente adolescente e empresarial, poderia haver lugar à idiossincrasia, com resultados comercialmente atraentes e de clara integridade autoral. Talvez porque o público já ansiava por algo assim o sucesso foi imediato e o tempo tem sido um juiz favorável a este Saga da “Swamp Thing”. Sobreviveu e mostrou que vale por si só no passar dos anos.

Agradeçamos a Moore, um dos parteiros do actual BD americana e, mais particularmente, da sub-editora da mega-editora DC, a chamada Vertigo. Nela se produz alguma da melhor literatura do mundo, ponto final. E Swamp Thing é apenas o princípio. E que princípio.

1 comentário:

Nuno Amado disse...

Sabes que já editaram o volume 1 da colectânea da passagem do Moore por este personagem? O segundo volume penso que sai em Novembro. A vertigo diz que é uma edição deluxe... mas para chegar a tal, têm de mudar o papel, e pelo preço, bem que o podiam fazer. As estórias do Moore são muito, muito boas, a capa é excelente, o papel é uma "bosta"... desculpa a expressão!
Já falei sobre o volume 1, se procurares lá no "Leituras", vais encontrar essa edição "Deluxe".

Abraço