O duende que carregava um ovo
Em um de seus primeiros aniversários, não soube bem como nem se lembra bem onde, o duende encontrou um ovo. Mas não um simples ovo, um ovo que brilhava forte, incandescente, que desde o primeiro momento lhe deu uma quentura, um conforto. Não sabe também porquê começou a carregar aquele ovo consigo, ainda que fosse quase do tamanho dele.
Passaram-se 1000 anos e o duende continuava a carregar o seu ovo luminoso e amarelo. Muitos foram os que lhe ofereceram o mundo pelo ovo e, nunca percebendo claramente porquê, o duende nunca se separou dele.
Houve uma mulher gorda e sonora que lhe ofereceu toda a cerveja do mundo.
Houve um gorila que se ofereceu para ser o seu guarda-costas para sempre.
Houve um pinguim que lhe ofereceu gelo. A esta oferta, por apenas um momento, o duende hesitou.
No final dos 1000 anos o ovo chocou. Era uma duende.
The leprechaun that carried an egg
In one of its first birthdays, he didn’t quite know how and he doesn’t remember where, the leprechaun found an egg. But not a simple egg, an egg that shone bright, incandescent, that from the very first moment gave him a warmth, a comfort. Not really knowing why he started carrying it everywhere he went, even though it was almost his size.
A thousand years had passed and still the leprechaun carried the bright and yellow egg about. Many offered the world to the leprechaun so that he separated himself from the egg but, not knowing why, he would have none of it.
There was the fat and raucous lady that offered him all the beer in the world.
There was the gorilla that offered to be his eternal bodyguard.
There was a penguin that offered him ice. To this offer the leprechaun hesitated for a while.
At the end of the thousand years the egg hatched. It was female leprechaun.
Daniel Franco
1 comentário:
Que incómodo. Apesar dos 1000 anos de aperfeiçoamento incubado, nascer em forma de substantivo uniforme, sem saber se epiceno se comum de dois géneros, é obra! E agora? Já não bastava a questão da costela, mas essa dava direito a género definido…
Restou-lhe amar o duende, em forma de mulher magra e silenciosa e sem direito a cevada fermentada. Ofereceu ao duende todo o vinho do mundo.
Percorreu com ele o mundo todo, sem sombra de guarda-costas. Estabeleceu com os primatas que foi encontrando um acordo de coexistência pacífica.
No périplo pelo mundo, quando encontraram o pinguim, o duende voltou a hesitar perante a oferta de gelo, mas o olhar dela foi fatal.
Ao fim de 1000 anos, seja lá de que forma e género for, o amor continua “mortal e navegável”.
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