DJ Shadow
O sample não é fácil!
Para muitos começa mesmo por o compreender. Será isto música? O roubar a outros músicos e exibir como seu, pela remistura, pela mistura, pelo acrescentar, pelo retirar? Será que merece estar na mesma categoria que Beatles e Mozart só porque tem uma melodia?
DJ Shadow acha que sim e está no livro de recordes por ter feito o primeiro álbum totalmente recorrendo a samples, o (para mim) fabuloso e essencial “Endtroducing” (1996). Já aqui vos mostrei o fantasmagoricamente belo “Midnight in a perfect world”, poesia em forma de batida sincopada, um quadro pintado no ritmo arterial do sentimento da noite que nos envolve. É assim que é a meia-noite num mundo perfeito. Cortesia de Josh Davis, aka DJ Shadow. Mas a vida começou antes de 1996, em rádios, em discotecas tribais urbanas, perdidas no sol californiano. Começou com o fabuloso In Flux, considerada umas das primeiras canções (lá está! Será que a podemos assim apelidar?) do movimento Trip-Hop.
“Endtroducing” foi votado o melhor álbum de dança de sempre por alguém que não me recordo quem, nem tampouco isso interessa. É um fabuloso álbum que muito dificilmente poderia ser seguido por uma outra obra-prima. Mas foi! “The Private Press” (2002) é mais um tour-de-force inqualificável, que dobrou as convenções e afirma a música de dança como arte eclética, rompendo com as barreiras do preconceito em relação a este tipo de música, tal como “Os Sopranos” fazem com a TV e “Sandman” com a BD americana.
O mais recente “The Outsider” (2006), rompe com tradição “imposta” pelo próprio DJ Shadow. Não tem nada a ver com os álbuns anteriores, para desconforto dos seus inúmeros fãs. Envereda pelo mundo Rap mais escondido, desprovido de “bling-bling, Mercedes SLK e voluptuosas consortes que se digladiam por atenção nos vídeos da MTV.
O sample tem uma grande vantagem. Democratiza a música. Pode ser uma forma muito poética de ver o roubo, mas quando, imersos nos seus quartos pejados de discos, CD’s e cassetes até ao tecto, vêm artistas como Shadow acho que as coisas podem ser perdoadas. Ou não?
2 comentários:
só tenho pena de não teres indicado o nome desta musica... ou então fui eu q não percebi. zebega.
Midnight in a Perfect World to Album "Endtroducing".
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