A parceira de Kurt Busiek, Brent Anderson e Alex Ross na série Astro City dura há 20 anos, sem sinais de abrandar na qualidade e produtividade. Começaram na editora Image e na label de Jim Lee, a Wildstorm, mas desde então passaram para a DC Comics, quando esta adquiriu a primeira. Ultimamente têm sido publicados debaixo do selo da lendária Vertigo, ainda que a temática e a abordagem nada tenham a ver com a inclinação sobrenatural e com o terror sofisticado que classificaram esta durante mais de duas décadas.
Astro City é um mundo de super-heróis inteiramente concebido pelos autores, com o propósito de comentário meta-textual ao original da Marvel e da DC. Por outro lado, procuram a perspectiva do man on the street, do comum mortal, ainda que essa visão seja menos presente nos volumes mais recentes. Agora também procuram outros pontos de vista, desde vilões a seres extra-terrestres, passando, claro, pelos heróis propriamente ditos. Interessa aos autores a visão sobre eventos que são lugar comum na mitologia dos super-heróis. Kurt Busiek, o escritor, é um assumido geek destes universos e faz bom uso dessa inclinação, ao explorar de forma inventiva cada pormenor que passaria de outra forma despercebido nas histórias das duas grandes.
Neste 14.º volume não abranda este olhar clínico e inventivo, ao focar-se em seres que ajudam um ditador extra-dimensional na batalha contra análogos do Quarteto Fantástico, num casal de ex-vilões, agora com uma relação mais saudável com a Lei, e no também análogo do Super-Homem - esta última como comemoração dos 20 anos de publicação. Todas estas histórias enriquecem de forma independente a rica tapeçaria deste mundo criado do zero, que continua a ser uma das mais cativantes visitas a universos de fantasia.
Entretanto, os autores já noticiaram a desistência da publicação mensal clássica para focarem-se em livros de contagem de páginas mais extensas ao estilo europeu.
A Marvel, do ponto de vista criativo, não anda a ter os seus melhores dias. Ainda assim, existem equipas que seguem a nobre tradição de clássicos como Lee/Kirby, Lee/Ditko, Claremont/Byrne, Simonson, etc. Jason Aaron no Thor é uma delas. Primeiro trabalhou com Esad Ribic e agora com Russell Dauterman, para produzir aquela que considero a mais interessante publicação mensal desta editora. Parece que a Marvel sabe disso e tem lançado estas edições formato grande a que chama Deluxe e que coleccionam, em média, cerca de 12 números da revista mensal. Valem a pena o preço e a (longa) espera entre volumes. É neste formato que as aventuras mitológicas da agora versão feminina do Deus do Trovão devem ser apreciadas. Num palco cósmico de grandiosidade épica.
Aaron mistura o mundo empresarial do mundo real com a mitologia Viking para criar ameaças ao mesmo tempo credíveis e fantasiosas. Concebe diálogos ricos que desenvolvem as personalidades dos protagonistas e que avançam a narrativa de forma sempre entretida. Constrói personalidades que vão para lá dos estereótipos e da bidimensionalidade a que estávamos habituados ao longo de décadas no Thor da Marvel (não sempre, claro, mas de forma recorrente). Acima de tudo, cria uma leitura que não conseguimos largar de tão entusiasmante que é. O único defeito que aponto é a velocidade com que queremos ler já o próximo volume - e nem noticia de para quando o seu lançamento.
Entretanto, a G.Floy publicou o volume que se segue ao lançado há uns anos pela Panini (infelizmente, os portugueses nunca verão a conclusão do Chacinador de Deuses) e a Goody irá, em breve, começar a fase da Thor versão feminina.
Entretanto, a G.Floy publicou o volume que se segue ao lançado há uns anos pela Panini (infelizmente, os portugueses nunca verão a conclusão do Chacinador de Deuses) e a Goody irá, em breve, começar a fase da Thor versão feminina.
3 comentários:
Já esta nas bancas o novo Thor,a G-floy é podia ter editado toda a fase Thor Deus do Trovao em Hc estilo X-Forçe,
Obrigado pelo comentário.
É uma pena que, de facto, a Goody não tenha optado pela capa dura, mas isso ñ parece fazer parte das intenções da editora.
De qq modo, é uma grande série e os portugueses têm sorte de a poder seguir no nosso português.
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