O festival MOTELx 2017, a decorrer entre os dias 5 e 10 de Setembro, é um dos momentos cinematográficos mais esperados da rentrée e do Acho que Acho. Vamos lá estar e tentar vos dar uma apreciação dos filmes que teremos a sorte de ver. Passem por aqui todos os dias!
Um dos sentimentos que mais me aflige quando vou ao MOTELx é a quantidade de filmes que poderiam sair em circuito comercial e que muito dificilmente o vão conseguir. Imagino que as grandes cadeias de distribuição não estejam interessadas em divulgar outros que não sejam os das empresas afiliadas e acionistas e, assim, bom cinema fica esquecido. Cinema que poderia ser apreciado pelo mesmo público que vai ver sucessos comerciais como Fast and The Furious, êxitos da DC Comics e da Marvel, e outros. Talvez a recuperação de público nas salas de cinema vista em 2017 veja o regresso destas apostas.
Duas dessas poderiam ser El Bar de Alex de la Iglésia e Headshot de Timo Tjahjanto e Kimo Stamboef.
O primeiro vem do nosso país vizinho e de um realizador que os apreciadores de Cinema em geral e deste género em particular conhecem bem. El Bar passa-se dentro do titular espaço, quando um eclético grupo de pessoas vê-se enclausurada no mesmo, já que as ruas à sua frente foram evacuadas e pessoas foram assassinadas à porta. O que se segue é uma sequência de eventos que envolvem os protagonistas, a descoberta do porquê da clausura e a inevitável fuga. Tudo com o humor típico de Iglésia e do seu argumentista de longa data, Jorge Guerricaechevarría. A riqueza do filme desta dupla está nas personagens, na troca de diálogos, na sofisticação das personalidades, que transformam qualquer narrativa em mais que uma experiência de suspense ou horror. Parecemos estar num filme de Tarantino (mas não se esqueçam que Iglésia é anterior a ele), com mais velocidade, mais frenesim, mais iberismo. Esta é umas razões porque não percebo porque os filmes deste senhor não aparecem mais nas salas de cinema em Portugal, já que a sensibilidade e personagens são os mesmos que vemos todos os dias no nosso quotidiano. Sem duvida, um dos grandes filmes que passou no MOTELx deste ano.
Headshot pode ser da Indonésia mas é do tipo que seria apreciado pelos malucos dos filmes de acção violento e frenético (eu sou um deles). Quem se recorda dos brilhantes The Raid I e II de Gareth Evans lembra-se da violência estilizada e extrema, da coreografia de artes marciais do actor Iko Uwais. Este está de volta em Headshot, com mais movimento, mais sangue e muitos mais combates acompanhados de perto por uma câmara que se esforça por estar literalmente colada aos protagonistas. Sentimos cada cambalhota e cada golpe de forma quase simbiótica. O enquadramento treme antes de cada embate, como se percebesse a raiva e força acumulados no soco dos intervenientes. A história é estruturada como um jogo de computador misturado com filme de vingança e de relação pai/filho/irmãos. O herói tem de passar níveis de combate até chegar ao final onde enfrentará o adversário principal, aquele que lhe diz mais do ponto de vista físico e emocional. Por vezes ridículo mas sempre entretido, seria uma aposta mais difícil do ponto de vista das massas mas, ainda assim, uma a considerar fortemente.
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