Vício do mês versão Fevereiro de 2016




Já são muitos anos a virar frangos. Desde os meus cinco anos de idade. A ler Banda Desenhada em geral e de super-heróis em particular. Começou pelo Homem-Aranha e progrediu para todos os outros. Transformou-se em mais que um vício que continua até hoje. Todos os meses desloco-me à minha loja de BD favorita e de lá venho com A Pilha. Alguns dos livros dessa pilha leio com mais prazer do que outros, é verdade, mas leio sempre tudo . A lista de baixo é a deste mês.

Action Comics # 48 da DC Comics
Batman # 48 da DC Comics
Justice League # 47 da DC Comics
Justice League of America # 07 da DC Comics
Superman # 48 da DC Comics
Superman Annual # 01 da DC Comics
Superman / Wonder Woman # 25-26 da DC Comics
Superman / Wonder Woman Annual # 02 da DC Comics
Wonder Woman # 47-48 da DC Comics
Avengers # 03-04 da Marvel
All New X-Men # 03 da Marvel
Captain Marvel # 01 da Marvel
Dr. Strange # 04 da Marvel
Hercules # 03 da Marvel
Ms. Marvel # 01-03 da Marvel
New Avengers # 05 da Marvel
Scarlet Witch # 01-02 da Marvel
Secret Wars # 09 da Marvel
Squadron Supreme # 02-03 da Marvel
Spider-Man / Deadpool # 01 da Marvel
Spiderwoman # 03 da Marvel
Totaly Awesome Hulk # 02 da Marvel
Ultimates # 03 da Marvel
Weirdworld # 01-02 da Marvel

Nem que tire comida da boca dos putos de alguém, estes vão continuar

No mês passado escrevi sobre a Justice League de Johns e Fabok e, este mês, continua firme como a minha BD favorita d'A Pilha. A história tem todos os elementos para eu continuar a achar isso. Diverte-me a rodos. Transforma-me num siderado amante de BD em cada frase e em cada desenho. Aprecio, como qualquer outra pessoa, histórias com dramas mais pessoais. Mas quando servem-me algo deste género, em que a imensidão do perigo e da escala é desta envergadura, então têm-me agarradinho. O mesmo aplica-se a Ultimates, que continua a construir uma narrativa ao melhor estilo de Grant Morrison, quando este escreveu a Liga da Justiça. A escala é macro-cósmica. Os diálogos grandiloquentes.

Fabulosos e quase, quase extraordinários

O Batman de Snyder e Cappulo continua há já quase cinco anos sem se afastar da qualidade. Mas talvez porque o Batman nunca foi um dos meus personagens favoritos não passa para a categoria de cima. O mesmo aplica-se ao Dr. Strange de Aaron e Bachalo, que é das mais divertidas BD da Pilha mensal. Tenho cada vez menos paciência para interligações intermináveis entre várias revistas e esta oferece uma história sozinha e sólida. Tal como acontece (para minha surpresa) com Spider-Woman, que continua com um argumento solidamente pop, desenhos descontraídos e um personagem forte e cativante.

Finalmente, poderia ter negligenciado o novo título do Spider-Man / Deadpool pelo facto de querer capitalizar no filme do último e na popularidade do primeiro. Nunca fui fã de Deadpool mas sempre o fui do Homem-Aranha. Acontece que este título vê regressar ao Merc With a Mouth os dois artistas que tomaram conta do seu título ongoing original há quase duas décadas: Joe Kelly e Ed McGuiness (meu deus, já se passaram 19 anos!). Este regresso dos autores funciona muito bem, já que ambos não só têm um enorme talento como esse mesmo talento adapta-se como uma luva aos personagens titulares.

Confortavelmente cativantes com cara catita. Contudo...

A reserva revelada pelo título não está tanto ligada à qualidade das revistas mas ao facto de estar ainda um pouco reticente em relação às mesmas. 

Infelizmente, da DC Comics apenas cabe um: Justice League of America de Brian Hitch e Daniel Henriques (sim, português). A editora está pelas ruas da amargura no que a mim (e aos números de venda mensais) diz respeito, mas este título vai apresentando qualidade, ainda que longe do trabalho de Johns e Fabok. 

A Marvel pós-Secret Wars, pelo seu lado, parece apostada em esforçar-se pela qualidade. Nem todos os títulos estarão no mesmo patamar (alguns já os dispensei) e mesmo os que acho serem "os melhores" poderão vir a ser cancelados. Contudo, a editora está (por agora) a fazer um esforço por contratar talentos diversificados e produzir algumas das mais interessantes BD do panorama dos EUA. Dos títulos de que falei no mês passado, continuam Avengers e New Avengers, que apesar da semelhança de nomes têm abordagens bem diferentes. O primeiro é a equipa sénior misturada com alguns jovens talentos enquanto o segundo é uma aproximação nova ao conceito. O primeiro é jovial e o segundo é sangue novo. A ver vamos onde o futuro os leva. 

Ainda nos que continuam do mês anterior, temos Hercules e Totally Awesome Hulk. Hercules prossegue a transformação do herói clássico de bonacheirão bêbedo para responsável defensor da cidade de Nova Iorque. Isto enquanto uma ameaça com laços no passado e no futuro paulatinamente revela-se. Do lado oposto da maturidade, uma nova cara tomou conta do corpo do Gigante Verde. A junção de um adolescente com as hormonas aos saltos à força do Hulk e ao desenho de Frank Cho só podia dar uma das mais sensuais e divertidas BD da Marvel.

Este mês tentei quatro títulos novos desta nova vaga Marvel. Ms. Marvel já tinha acumulado três números desde o novo lançamento e a curiosidade foi se acumulando com a passar dos meses e chegou ao pico com o Prémio de Angoulême.  É, sem duvida, uma das mais interessantes revistas desta fornada, com um personagem interessante, moderno e, ao mesmo tempo, cheio de valores que poderíamos considerar datados: honestidade e integridade. Captain Marvel prossegue a tentativa (para mim, bem conseguida) da editora em ter mais mulheres protagonistas. Esta já é antiga mas, com um novo número um, surge a oportunidade de eu finalmente experimentar. Tal como Spider-Woman, é uma refrescante diversão pop que espero que continue. Ainda no âmbito do sexo feminino, há a Scarlet Witch de James Robinson. O primeiro número não tinha me agarrado, mas o segundo e o rol de desenhistas que estão alinhados para a desenhar no futuro promete algo especial. 

Finalmente Weirdworld. Um título estranho, pelo artista e pela premissa. Os dois primeiros números são francamente deliciosos e espero coisas interessantes deste conceito.

Só se aguentam por causa da Diana

O título diz tudo. As revistas Wonder Woman e Superman / Wonder Woman aguentam-se apenas por causa do meu personagem favorito da DC Comics. O primeiro beira o sofrível e o segundo está assumida e orgulhosamente nesse território. O título homónimo da heroína ainda consegue extrair, a custo, desenhos aceitáveis (um dos artista é o português Miguel Mendonça) mas aquele que partilha com o Super-Homem é irreconhecível, tendo em consideração o potencial narrativo e os artistas envolvidos. Como é que a DC continua a desperdiçar oportunidade atrás de oportunidade? A editora necessita urgentemente de voltar à receita pós-1986: deixem o talento ser talento; deixem os escritores escrever e os desenhistas desenhar. Não é difícil. A Marvel está (aparentemente) a consegui-lo. 

E pimba, já fostes

Não há palavras para descrever a oportunidade (aparentemente) perdida com o talento que a DC recrutou para as revistas do Super-Homem: Action Comics e Superman. Até estavam no bom caminho e, acto contínuo, meteram uma história-chapéu e "obrigaram" os artistas a seguir a trote militar. Acontece que nem o talento de cada as safa. Estava disposto a dar o beneficio da dúvida mas este claudicou face ao da carteira. Os artistas eram bons mas parece que depois do número 50 serão outros (mesmo que temporariamente) a tomar conta do barco. Por isso, até ver, estes dois títulos já foram.

A fórmula Marvel pós-Secret Wars não está a funcionar para todos os títulos, pelo menos no que a mim diz respeito. All New X-Men é, tal como Extraordinary X-Men, mais do mesmo drama mutante. Há anos que vemos isto. Por favor, mudem o disco (ou não, já que se dá dinheiro para quê trocar uma fórmula vencedora?). 

Squadron Supreme de James Robinson e Leonard Kirk é dos títulos que mais surpreenderam pela negativa. Face aos artistas envolvidos estava à espera de muito e esta primeira história é redundante e chata, uma espécie de Watchmen para as tias de Cascais. Tendo em consideração a inacreditável oferta da BD nos dias que correm não posso ter espaço reservado na carteira e na prateleira para aquilo que, para mim, não vale a pena. Sendo assim, estes dois últimos títulos da Marvel foram cancelados da minha encomenda mensal.

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