(Prometo informar os menos conhecedores acerca da
acessibilidade desta coleção de BD, ou seja, se é fácil ou não ler sem saber
mais coisas)
Grau de acessibilidade: Difícil mas…
Sai
amanhã, Quinta-feira, dia 7 de Agosto, junto com Público e custa 8,9€
Brian Michael Bendis, escritor, está para a Marvel da primeira década deste século
como Stan Lee esteve para a de 60 do século XX (calma, eu sei que é exagero).
Acontece que, desde 2004, quando tomou em mãos os Vingadores e lhes deu uma lavagem geral, o universo Marvel decidiu-se a não ser mais o mesmo
– para o bem e para o mal. A história que deu a pedra de toque chamou-se Avengers Dissassembled (publicada pela
BDMania/Vitamina BD) e, depois de acabar, literalmente o grupo de super-heróis
não seria mais o mesmo. Os Vingadores
foram depostos, viva os Novos Vingadores,
aos quais adeririam, entre outros, os muito famosos Homem-Aranha e Wolverine,
que nunca tinham feito parte do grupo. De uma estocada Bendis tinha conseguido
o óbvio – juntar, na mesma equipa, alguns dos mais conhecidos personagens da
editora. Não só por causa disso mas muito mais pela sua escrita e enredo o sucesso
foi imediato e fulminante.
A Marvel
deste século tinha começado a mudar mas não se ficaria por aqui. O esprit de corps entre os vários
criadores era estimulado pela editora através de reuniões periódicas onde todos
se juntavam para discutir o futuro das histórias. A noção de universo
partilhado era cada vez mais omnipresente e Bendis, pelo sucesso que tinha e
pelo facto de escrever a mais nuclear e transversal das equipas da editora,
tinha bastante influência nos destinos gerais. Destas reuniões saíram todos os
grandes eventos da década que se seguiu (e continuam hoje), alguns deles já
publicados pela Levoir em coleções
anteriores, como por exemplo Civil War
e House of M. Estes foram eventos que,
de forma muito direta, tinham como centro os Vingadores (mais na Civil War
que House of M, já que esta última
também envolvia os X-Men).
A Levoir
reinicia a publicação destes eventos maiores da Marvel e Vingadores com
aquele que, cronologicamente, se segue à Civil
War, este Invasão Secreta. Nesta
saga, pormenores de enredo e mistérios que existiam desde o primeiro número dos
Novos Vingadores de Bendis são
finalmente revelados. Por isso, torna-se um pouco complicado para o leitor
causal poder acompanhar, com todos os pormenores, o que verdadeiramente se está
a passar, mas o trabalho da Levoir e
das suas introduções é geralmente irrepreensível e não se espera menos desta vez.
Este está longe de ser o melhor trabalho de Bendis (infelizmente) e mesmo do
desenhista que o acompanha, o filipino Leinil
Francis Yu. Ainda assim, pelo lado do entretenimento, é uma história que
toca os pontos mais importantes e avança a macro-narrativa que o escritor tinha
planeado para os Vingadores.
Nota final – Eu não partilho da opinião que se tem de saber tudo
para acompanhar bem uma história. Parte da “magia” da BD americana reside na
descoberta posterior, na paciente reconstrução do puzzle. Mas para aqueles que
não têm tempo e paciência aqui fica este meu pequeno esforço.
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