(antes de lerem este post e se
quiserem saber um pouco mais sobre a BD que inspirou o filme leiam aqui)
Neste
ano de 2014, apesar de já ter visto uma apreciável quantidade de filme de
super-heróis nenhum me tinha enchido as medidas. Até este. X-Men: Dias de um Futuro Esquecido é tudo o que um fã de BD poderia
esperar. Uma história que nos agarra do primeiro ao último momento, personagens
bem escritos e muito bem interpretados, pirotecnia quanto baste. Outros sites
já fizeram o paralelismo entre este e o mais bem sucedido filme deste estilo, Os Vingadores, mas ao mesmo tempo que os
compreendo também reconheço serem dois bichos diferentes. São
igualmente divertidos mas os personagens pouco têm a ver uns com os outros.
Este X-Men, ao contrário do que seria de
esperar, apesar de ter um número apreciável de personagens, centraliza a sua
história em quatro: Charles Xavier (Professor X); Eric
Lensherr (Magneto); Raven Darkholme (Mística); Logan (Wolverine). O enredo
concentra-se quase exclusivamente neles (excepto pelo “vilão”, Bolivar
Trask e os seus Sentinelas), ganhando não só em profundidade psicológica, ao analisar demoradamente as motivações de cada, como filosoficamente, ao contrapor de forma eloquente as diferenças que os separam. Entre Xavier e Lensherr.
Entre Raven e Charles. Entre Raven e Lensherr. Entre Logan e todos. Existe
um enredo, bastante forte, que envolve um futuro distópico onde os mutantes e a
humanidade lutam pela sobrevivência, que envolve uma viagem no tempo para
evitar este futuro, mas tudo fortemente alicerçado no que mais envolve o
espectador, quer do ponto de vista emocional, quer racional: a humanidade dos
personagens. Estes são seres maiores que a vida, com poderes sobre-naturais
impressionantes, mas poderiam ser um de nós. Isto construído com diálogos de
qualidade raramente vista neste tipo de filmes e com atores que se entregam de forma definitiva
(familiar?).
Bryan
Singer, que é um dos percursores dos filmes de super-heróis (com o primeiro e
segundo X-Men, já nos idos da década
de 90), rege tudo de forma não só segura como talentosa, imprimindo muito da
sua personalidade. Alguns dos filmes da Marvel, por exemplo, pecam por pouco se
diferenciarem entre eles. X-Men de
Bryan Singer é apenas dele. Não só isso como também entende como fazer um filme
dos X-Men e como fazer um filme para
os fãs. O humor existe (o personagem Quicksilver é maravilhoso) mas não em
detrimento do peso melodramático que é, aliás, uma das marcas destes
personagens. Os X-Men raramente
ganham. Sobre eles perdura uma espada de Damocles, a do racismo, a da extinção,
a da perseguição, a da discriminação. Contra estes enormes obstáculos ergue-se
um homem com uma filosofia de paz e fraternidade, uma mensagem de tal forma forte
e transversal que apenas poderia transformar este heróis nos modelos e ícones
que são pelo mundo inteiro.
Por seu lado, os fãs de BD raramente irão ver um argumento tão talhado para as suas sensibilidades. Como um deles posso dizer obrigado
por este grande filme.
(já agora, não se esqueçam de
ficar até depois dos créditos finais. Um dia destes explico de quem se trata o personagem.
Não que não o possam saber num outro qualquer site).
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