A editora estado-unidense de BD, a Image, continua a conquistar território.
Paulatinamente, não só se afirma como a única e digna herdeira da lendária Vertigo da senhora Karen Berger (não mo
canso de repetir), como importa a sensibilidade europeia de fazer BD, aquela
que delega a responsabilidade da qualidade e do conteúdo da Arte aos que sempre
a fizeram, os artistas. Apesar de, para o meu gosto, este The Manhattan Projects de Hickman e Pitarra não ser do melhor que a
editora já publicou, admito que outros gostos o acharão interessante. Não me
interpretem mal! Gostei bastante deste trabalho do escritor (Hickman), que
conheço de Pax Romana, SHIELD, Quarteto
Fantástico e Vingadores, mas achei um pouco redundante, não só quando
comparado com anteriores trabalhos do mesmo como também do de outros autores.
A história, como o próprio título indica, anda
à volta do famoso Projecto Manhattan da 2.ª Guerra Mundial, patrocinado pelo
governo dos EUA e que deu origem à bomba atómica e consequente bombardeamento
de Hiroxima e Nagasaki. No plural do título da BD é que está o busílis da
série. Acontece que, à boa maneira das várias iterações das teorias da
conspiração, a construção da bomba era o projeto de menos importância. Por
detrás desse, e absorvendo verbas astronómicas, existiam outros projetos, muito
mais relevantes e insanos. Imaginem todas estas teorias metidas no mesmo saco,
misturem-nas bem misturadas, juntem sal, pimenta, muito picante, LSD e peiote,
e têm os Projectos Manhattan. Aqui há espaço para Roswell, realidades
paralelas, multiversos, contactos extraterrestres, importação de cientistas
nazis para o EUA, etc.
Como para muita outra coisa, o que conta não é
a originalidade do tema mas a da abordagem. O tema desta BD não é uma grande
novidade, pelo menos para nós que já acompanhamos a Arte há alguns anos, ou que
vemos ou lemos filmes, séries de TV e livros sobre o tema. A abordagem é típica
de Hickman, menos louco mas da escola Grant Morrison e Alan Moore. O discurso é
marginalmente real, os personagens completamente imersos em conceitos maiores
que a vida, física teórica movida a alucinogénios. Contudo, por enquanto, sabe
ainda ao provérbio americano “been there,
done that!”. O melhor elogio que posso fazer? Vou comprar e ler o 2.º
volume. Pode ser que sobre o próximo tenha outras palavras para escrever.
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