O realizador Gareth Edwards ficou
conhecido no meio independente por uma produção de baixo custo intitulada Monsters. O título do seu primeiro
esforço não deixa nada a adivinhar. A história envolvia a odisseia de dois
jornalistas, seis anos após uma invasão extraterrestre, enquanto percorriam uma
paisagem infestada por monstros de vários feitios. O “segredo” de Edwards
residia na gestão parcimoniosa, quer do enredo, quer da aparição dos monstros,
o atrativo titular do filme. Depois deste sucesso e à boa maneira de “junta-se a fome com a vontade de comer”,
foi convidado como realizador da mais recente tentativa estado-unidense em
trazer para o grande ecrã ocidental um dos mais perenes ícones da mitologia
cinematográfica de monstros, Godzilla,
Gojira no original japonês.
Provavelmente por nunca ter visto
as versões originais, não saí da sala de cinema com a sensação de ter visto ou
um bom filme ou de ter sido entretido (apenas fui exposto ao mítico monstro por
uma série de desenhos animados e pela deplorável versão americana de 1998
realizada por Emmerich). Começo pelo maior desperdício deste filme: os atores e
as atrizes. Com um cast fabuloso esperar-se-ia
esforço nos diálogos, na presença, mas acontece o oposto. Bryan Cranston,
Juliette Binoche, Elizabeth Olsen. Estes nomes são, para os conhecedores, referências
de boa interpretação. Contudo, pouco mais têm a dizer do que duas ou três páginas
de texto durante o filme todo (não estou a exagerar. Vejam e depois falamos). Aaron
Taylor-Johnson, Ken Watanabe, Sally Hawkins e David Strathairn são aqueles cujos
papéis mais contribuem para o enredo mas, infelizmente, é só isso, porque as
suas personalidades são descaracterizadas, débeis, inexistentes. Como é possível
tanto talento ser tão desperdiçado?
Mas ninguém (?) vai ver um filme
de ação com monstros gigantes pela qualidade da interpretação ou dos textos. Ressalvado
o meu ceticismo em relação a essa opinião (acho que bons textos e boas
interpretações são sempre necessárias num filme), o que interessaria era ver
grandes efeitos especiais, lutas titânicas. Existem, sem dúvida, mas não em
quantidade e pirotecnia suficiente. Tal como no filme que o tornou conhecido, Monsters, Edwards demora em revelar o
monstro Godzilla em toda a sua magnificência
e em entrar em força nas lutas entre este e o seu adversário, MUTO. Primeiro são
reveladas pequenas partes da enormidade dos monstros, como que a sublinhar a
nossa posição de formigas em relação a estas gigantescas forças da natureza
(nada de novo, portanto). Depois, recorre a reportagens de TV. E, claro, existe
a destruição deixada pela passagem dos simpáticos animais. Só muito depois é
que se imiscui no centro da batalha e da destruição. O filme ganha um pouco quando
entra nessa fase mas, infelizmente, não muito porque tudo sabe a dejá vu. Ainda assim, poderia ganhar pela
espetacularidade como, por exemplo, o filme Pacific
Rim de Guillermo Del Toro, que não sendo genial, entretém. Godzilla apenas enfada.
Fica a pergunta: então se os
atores pouco fazem para além de diálogos de exposição e os monstros pouco
aparecem, o que ocupa duas horas de filme? Na minha opinião, muito pouco.
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