Quando Estreia A Ghost Story de David Lowery?

A Ghost Story de David Lowery vem acompanhado de excelentes referências. A minha revista de cinema favorita, a Sight & Sound, consultou 188 críticos internacionais e escolheu este filme como o 11.º melhor de 2017 (vejam a lista completa aqui). Calma! Eu não sou dos que prende-se aos críticos de filmes - eu adoro o Batman V Superman, convenhamos. Por exemplo, o Good Time de Josh e Benny Safdie é um filme interessante mas, para mim, não merece o sétimo lugar (e como é que é possível terem menosprezado o The Handmaiden?). Mas 188 é um número interessante, quase estatisticamente representativo, e a S&S é uma revista que gosto. A minha curiosidade foi acicatada.

David Lowery realizou filmes como o inqualificável Upstream Color, que nunca estreou comercialmente em Portugal) e Pete's Dragon, que nunca vi. Pela amostra poderão perceber tratar-se de um realizador pouco convencional, na narrativa e na escolha ecléctica de modelos de história. O primeiro é uma viagem surrealista na ficção científica. O segundo é entretenimento Disney. Gosto disso. Gosto de realizadores que não se coíbem de dançar entre a arte pela arte e o divertimento pop. A Ghost Story está firmemente no estilo do primeiro mas menos desconexo e fragmentado que Upstream Color. 

O título diz tudo: esta é a história de um fantasma, fantasma esse que veste o "tradicional" lençol branco com dois buracos no lugar dos olhos. Começamos com um casal apaixonado e em início de vida conjugal, protagonizados por Casey Affleck e Rooney Mara. E depois saltamos para a vigília de um fantasma, preso à casa do casal. Vemos o tempo a avançar e somos obrigados a experimentar o silêncio observador do espectro. É um filme reflexivo e filosófico, preocupado em apresentar o mistério e não tanto a descortiná-lo. Parado e lento, a câmara permanece como observadora distante e documental de uma estranha viagem - existe uma cena já "famosa", de quase cinco minutos, de Rooney Mara a comer uma tarte (Manoel de Oliveira ficaria orgulhoso). Parco em palavras, somos obrigados a procurar os hiatos narrativos, a preencher os pensamentos e as falas não ditas. Narrativa exigente para o espectador, não deixa, contudo, de nos prender no enigma tão bem construído pelo realizador.

Filme intrigante e belo, uma surreal viagem pela mortalidade e pela saudade. Para quando a sua estreia? 

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