Colecção Liga da Justiça da Levoir, vol. 3: O Prego - Teoria do Caos de Alan Davis

Aproveitando o lançamento do filme homónimo, a editora Levoir está a publicar uma colecção de cinco volumes deste grupo de super-heróis entre o dia 9 de Novembro e 7 de Dezembro. Aqui no Acho que Acho, porque adoramos a DC e a Liga, queremos que vocês não se sintam perdidos na História, Cosmologia e Cosmogonia da editora. Por isso, vamos tentar dar-vos um pequeno Travel Guide. A Lonely Planet que se roa.


A editora DC Comics é conhecida pelo uso descontraído da galeria de personagens ao seu dispor. O Super-Homem, a Mulher-Maravilha e o Batman, para mencionar os mais importantes e conhecidos, são algumas das personagens de BD mais conhecidas dentro e fora do mundo da 9.ª Arte. Não só existem há oito décadas, como já ultrapassaram as fronteiras desta indústria e transformaram-se em arquétipos. Os super-heróis são julgados pelo modelo que criaram. Graças a esta transversalidade e ao aspecto icónico dos mesmos, muitos são os autores que agarram no molde e adaptam-no a circunstâncias diferentes do cânone, analisando o próprio arquétipo e o mundo real. Estes "desvios" começaram a aparecer desde cedo e, nos finais da década de 80 e com mais força a partir da de 90, a editora passou a catalogá-los com o nome de Elseworlds - mundos que, por acaso do destino, têm minúsculas ou significativas diferenças em relação ao "nosso". Não deixavam de ser reconhecíveis mas, ao mesmo tempo, diferentes. Foi assim que apareceu o Super-Homem criado na Rússia Comunista, o Batman da Época Vitoriana (ambas já publicadas pela Levoir), etc.

Este terceiro volume da colecção da Liga volta a visitar um mundo alternativo, desta vez inteiramente criado pelo veterano Alan Davis, muito apreciado pelos fãs de BD de super-heróis, por causa do seu traço dinâmico e adaptado a estas mitologias. Nele, o escritor/desenhador parte de um poema de George Herbert, publicado na colectânea Jacula Prudentum (1651), para imaginar um mundo onde o Super-Homem não é criado pelo casal Kent e o universo ficcional da DC cresce sem a presença do maior dos seus super-heróis. 

"Por falta de um prego perdeu-se a ferradura; por falta da ferradura perdeu-se o cavalo; por falta do cavalo perdeu-se o cavaleiro, por falta do cavaleiro, perdeu-se a guerra." É este o poema que Davis usou como inspiração. Este é um mundo onde o Batman, a Mulher-Maravilha, Lois Lane (a eterna paixão do Homem de Aço), Jimmy Olsen (o melhor amigo), Lex Luthor (o arqui-inimigo), a Liga da Justiça, estão longe dos caminhos "normais". 

Esta reflexão de Davis não entra tanto pela filosofia ou política mas mais pelo lado pop das histórias da DC, pontuada por um elogio à Idade de Prata da editora (década de 60 e início da de 70), procurando mais um "o que aconteceria se?..." leve, descomprometido e, acima de tudo, entretido. Os menos conhecedores da galeria das personagens desta Idade não se sintam desmotivados com o aparecimento de tantos uniformes de cores garridas. Pensem antes no prazer da descoberta. No prazer de irem vasculhar a net e tentarem saber quem é a Patrulha Destino (Doom Patrol), os Novos Titãs (Teen Titans), a Batwoman, etc. 

O sucesso seria de tal forma significativo que aconteceria uma sequela com o sugestivo nome de Another Nail.

Uma BD leve e divertida para ler nestas noites frias. A capacidade de adaptação da mitologia DC é uma das razões porque muitos (como eu!) são fãs da editora. Recentemente, e depois de alguns anos sem Elseworlds, a DC regressou a este conceito com Nightwing - The New Order e Batman - White Knight (e ainda bem!).

(seguem previews)




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