Este fim de semana que passou foi relativamente controverso para a Marvel, editora de BD estado-unidense. Na Wonder Con 2016, foram proferidas declarações que incendiaram a internet. Figuras importantes da editora vieram a público afirmar que, ao observarem a descida de vendas ocorrida desde Outubro de 2016, estão parcialmente convencidos que uma das causas será a recém adquirida diversidade étnica e cultural dos seus personagens. Não terá sido o único factor que sublinharam, apontando o dedo à DC Comics, à fuga de criadores de topo para a Image, etc., mas o que fica e está a ser comentado por muitos é a primeira afirmação.
Obviamente que a Marvel veio retratar-se, dando o dito pelo não dito. Mas o debate incendiou-se entre fãs - os únicos que ligam um átomo a este assunto, os únicos que se preocupam com o destino das suas histórias e dos seus personagens de eleição.
Já ando nestas lides de super-heróis há quase 40 anos. Por mais que leia muita outra BD, eles são o cobertor velho e gasto no qual já me sei enrolar para sentir-me quentinho e confortável. Só através do erro sabemos descobrir o que está certo (para nós). Através da leitura do que depois considero mau consegui chegar ao Filet Mignon. Também muito importante, foi através dos super-heróis e das suas aventuras carnavalescas que descobri Neil Gaiman, Craig Thompson, Jiro Taniguchi, Tolstoy, Shakespeare, Kawabata, Abdelatiff Kechiche, Stanley Kubrick, Wong Kar-Wai. Mas gosto de voltar sempre ao cobertor quentinho e confortável.
Ultimamente a Marvel recorre a constantes mega-crossovers onde todo o universo narrativo está em perigo de inexistência, em que os leitores têm que comprar cada vez mais revistas para ter uma história completa (com livros cada vez mais caros).
A Marvel tem inundado o mercado com todo o barro que pode atirar à parede. O problema é que mesmo os que poderiam colar não o conseguem porque não têm tempo. Preciosidades como Scarlet Witch de James Robinson, Spider-Woman de Hopeless e Rodriguez, She-Hulk de Soule e Pulido, não chegam, a tempo, a quem deveriam chegar. Onde estão os tempos do Starman de Robinson, do Hitman de Ennis e McGrea? Ou mesmo do Fantastic Four de Byrne, ou, muito mais recentemente, dos Avengers de Hickman?
Como fã já antigo há algo que aprecio: continuidade numérica nos títulos que o justificam. Não sou fundamentalista - a minha personagem favorita, a Mulher-Maravilha, já foi reiniciado cinco vezes. Ultimamente, a Marvel, todos os anos, coloca um novo número um de forma indiscriminada, numa tentativa de vender mais (dizem que seguem a filosofia das temporadas das Séries de TV). Nada de mal com isso, claro, e o mercado a isso a obrigou. Mas muitos fãs já não caem na conversa. E as vendas podem ser disso reflexo.
As histórias. São a inovação e o que se escreve nelas que nos fazem regressar. São a sua simplicidade e, às vezes, o gosto pelo legado. Um misto de je ne sais quoi, com nostalgia, com mundo novo. Um combinação complicada e imponderável que a Marvel parece ter esquecido por breves momentos. Para mim, a DC retratou-se e recordou o que tinha sido nas décadas de 80, 90 e um pouco do inicio do século XXI: inovadora, nostálgica e com olho no futuro. A Marvel vai fazer o mesmo, não tenho duvidas.
Não é a existência de diversidade cultural, muito pelo contrário. Os títulos que dão-me mais prazer ler são o Spiderman/Miles Morales, Ms. Marvel, Ultimates, America - todos, e especialmente os dois últimos, altamente recomendáveis. O que interessa é história e personagens cativantes, envolventes, divertidos, entusiasmantes e, arrisco-me a dizer, com enredos fechados em si mesmos. Arrisquem esquecer os mega-crossovers e deixem os personagens respirar (e parece que a Marvel decidiu fazê-lo).
O mercado é lixado e soberano. A procura da química perfeita em vendas de comics cada vez mais anémicas é difícil. A Marvel vai voltar porque tem concorrência exemplar (a DC, a Image, a Drawn & Quarterly, apenas para falar de algumas no mercado americano) e porque ela consegue. Vamos estar todos atentos.
Já ando nestas lides de super-heróis há quase 40 anos. Por mais que leia muita outra BD, eles são o cobertor velho e gasto no qual já me sei enrolar para sentir-me quentinho e confortável. Só através do erro sabemos descobrir o que está certo (para nós). Através da leitura do que depois considero mau consegui chegar ao Filet Mignon. Também muito importante, foi através dos super-heróis e das suas aventuras carnavalescas que descobri Neil Gaiman, Craig Thompson, Jiro Taniguchi, Tolstoy, Shakespeare, Kawabata, Abdelatiff Kechiche, Stanley Kubrick, Wong Kar-Wai. Mas gosto de voltar sempre ao cobertor quentinho e confortável.
Ultimamente a Marvel recorre a constantes mega-crossovers onde todo o universo narrativo está em perigo de inexistência, em que os leitores têm que comprar cada vez mais revistas para ter uma história completa (com livros cada vez mais caros).
A Marvel tem inundado o mercado com todo o barro que pode atirar à parede. O problema é que mesmo os que poderiam colar não o conseguem porque não têm tempo. Preciosidades como Scarlet Witch de James Robinson, Spider-Woman de Hopeless e Rodriguez, She-Hulk de Soule e Pulido, não chegam, a tempo, a quem deveriam chegar. Onde estão os tempos do Starman de Robinson, do Hitman de Ennis e McGrea? Ou mesmo do Fantastic Four de Byrne, ou, muito mais recentemente, dos Avengers de Hickman?
Como fã já antigo há algo que aprecio: continuidade numérica nos títulos que o justificam. Não sou fundamentalista - a minha personagem favorita, a Mulher-Maravilha, já foi reiniciado cinco vezes. Ultimamente, a Marvel, todos os anos, coloca um novo número um de forma indiscriminada, numa tentativa de vender mais (dizem que seguem a filosofia das temporadas das Séries de TV). Nada de mal com isso, claro, e o mercado a isso a obrigou. Mas muitos fãs já não caem na conversa. E as vendas podem ser disso reflexo.
As histórias. São a inovação e o que se escreve nelas que nos fazem regressar. São a sua simplicidade e, às vezes, o gosto pelo legado. Um misto de je ne sais quoi, com nostalgia, com mundo novo. Um combinação complicada e imponderável que a Marvel parece ter esquecido por breves momentos. Para mim, a DC retratou-se e recordou o que tinha sido nas décadas de 80, 90 e um pouco do inicio do século XXI: inovadora, nostálgica e com olho no futuro. A Marvel vai fazer o mesmo, não tenho duvidas.
Não é a existência de diversidade cultural, muito pelo contrário. Os títulos que dão-me mais prazer ler são o Spiderman/Miles Morales, Ms. Marvel, Ultimates, America - todos, e especialmente os dois últimos, altamente recomendáveis. O que interessa é história e personagens cativantes, envolventes, divertidos, entusiasmantes e, arrisco-me a dizer, com enredos fechados em si mesmos. Arrisquem esquecer os mega-crossovers e deixem os personagens respirar (e parece que a Marvel decidiu fazê-lo).
O mercado é lixado e soberano. A procura da química perfeita em vendas de comics cada vez mais anémicas é difícil. A Marvel vai voltar porque tem concorrência exemplar (a DC, a Image, a Drawn & Quarterly, apenas para falar de algumas no mercado americano) e porque ela consegue. Vamos estar todos atentos.
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