The Danish Girl de Tom Hooper (A Rapariga Dinamarquesa)

Não estava à espera. Não estava à espera de uma história tão bem contada. Não estava à espera de uma fotografia de tirar o fôlego. Não estava à espera. 

A gestão de expectativas é importante. É importante que as tenhamos controladas de forma a não sermos decepcionados. Existem, no caso do cinema, filmes onde a expectativa é difícil de controlar (Batman vs Superman, no meu caso), outros em que elas estão baixas e outros ainda em que não existe nenhuma em particular. Este A Rapariga Dinamarquesa cabia na ultima categoria. Por outro lado, sou sempre reticente (preconceito meu) em aceitar filmes das corridas aos Óscares, principalmente aqueles que parecem manufacturados para um actor ou actriz vencerem na sua categoria. Pensava eu que este A Rapariga Dinamarquesa  cabia nesta categoria.

Vamos já esclarecer algo. Eddie Redmayne e Alicia Vikander, os protagonistas, estão ambos excepcionais. Ele, de facto, transfigura-se, mas é dela (pelo menos para mim) o maior impacto emocional, quer em termos de personagem, quer para quem a vê. Muito deste filme é visto do seu ponto de vista, uma escolha interessante e corajosa do realizador. Também é ela que tem de lidar com a mudança por que passa o seu marido, interpretado por Redmayne. Para quem não sabe esta é a história verídica (outro lugar comum da corrida aos Óscares) da primeira pessoa que faz uma operação de mudança de sexo na História. É ela a rapariga dinamarquesa, interpretada por Redmayne ao pormenor da loucura. Mas, volto a sublinhar, para mim é Vikander quem brilha mais - afinal, o primeiro plano do filme são os seus olhos, o seu rosto.

Falemos agora de algo que deixou-me transfigurado e agarrado ao ecrã: a cinematografia de Danny Cohen e a câmara de Tom Hopper. Ambos já haviam trabalhado juntos no King's Speech mas não me recordo de uma colaboração tão bela. Cada plano é maravilhosamente iluminado, decorado e enquadrado. O Belo é objectivo primordial da busca. É força e suavidade. Chega a doer de inveja.

Não estava à espera. Mas não é apenas porque não tinhas expectativas nenhumas que adorei este filme. Foi porque (acho) que se trata de um belíssimo filme que deve ser visto independentemente de concorrer ou deixar de concorrer aos Óscares. Se fossem todos assim...

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