Edge of Tomorrow de Doug Liman (No Limite do Amanhã)

O filme Tom Cruise. Uma espécie de veículo para as credenciais artísticas do ator, que se tem valido ao longo de décadas não só do seu talento (que, reconheço, existe - lembrem-se do brilhante Magnólia) mas, acima de tudo, do carisma, de um je ne sais quoi que construiu uma estrela de Hollywood. Ora foi com esse espírito que, primeiro, ouvi falar deste filme. Achava que não valeria a pena sequer deslocar-me à sala de ecrã grande (com tanto filme para ver, há que fazer opções). Depois, comecei a ler as parangonas de algumas críticas que diziam "melhor do que se espera", "não tão mau assim", etc., o que, neste tipo de cinema, pode ser um bom indicador. Com o espírito inclinado para me divertir mais e pensar menos lá me enfiei na sala para ver este No Limite do Amanhã

Mas que bela surpresa!

O que mais surpreende não é o ator. Esse confia na persona que edificou ao longo de três décadas e que lhe tem gerado francos dividendos. Essa confiança está nos trejeitos habituais, no Tom Cruise a fazer de Tom Cruise. A surpresa por ter gostado do filme também não está na sempre belíssima Emily Blunt, que faz um papel que não desilude de todo. Também não está nos fantásticos efeitos especiais, no design do "universo", nos fantásticos (e muito violentos) alienígenas. Não. A surpresa está no argumento que, não sendo inovador, está construído de forma segura e bastante divertida.

Estamos no futuro próximo, a Terra é alvo da enésima variação de uma invasão alienígena e nós estamos perto da derrota final. O personagem de Tom Cruise é um cobarde marketeiro, que convenceu milhares a irem para a frente da batalha mas da qual  ele próprio quer distância. Acontece que é "convencido" a ir e, numa batalha que se assemelha em tudo ao famoso Dia D da 2.ª Grande Guerra, acontece algo de estranho: ele morre mas, quando acorda, vivo, volta no tempo e revive esse mesmo dia. E morre outra vez e volta a reviver o dia. E morre e revive. E morre e revive. Um argumento em muito parecido com o famoso Groundhog Day com Bill Murray, mas de ficção científica. Escusado será dizer que, apesar de parecer chato, é tudo menos isso. Os argumentistas gerem este "grande conceito" de forma parcimoniosa e entusiasmante, nunca caindo no enfado e na previsibilidade (essencial para este tipo de linha de história). O filme sobrevive para lá da personalidade de Tom Cruise e tudo à conta de um argumento delicioso (ainda que, repito, nada original). 

É uma obra-prima? Claro que não. Mas também nem foi, de todo, necessário. Diverte? Muito! E isso foi mais do que precisei. 

2 comentários:

Dinis disse...

...ainda não vi, mas pelas críticas que tenho lido, tal como a tua, parece-me um bom filme de sci-fi para ver em casa. Mas muito do que tenho lido sobre o filme, traz-me à memória o excelente Source Code, ou mesmo o Looper (este talvez um pouco mais longe em termos de conceito). Se ainda não viste, sugiro qualquer um dos dois... sci-fi "inteligente", com qualidade, aparece de com pouca frequência!

SAM disse...

Obrigado, Dinis, pelo comentário. Sim, é um bom e inteligente filme de FC. Obrigado pelas outras sugestões e, sim, já os vi. Gostei dos dois.