Rapidinhas de cinema - L'Inconnu Du Lac e Captain Philips



L'ínconnu du Lac de Alain Guiraudie

Este filme tem sido aclamado por todo o lado. Foi considerado como o melhor de 2013 pela revista francesa Cahiers du Cinemá e um dos 10 melhores pela inglesa Sight & Sound. A Empire, outra revista inglesa de cinema, adora-o. Como podem depreender, gostos e proveniências geográficas díspares consideram-no genial. Então porque não consegui relacionar-me com a história? Nada terá a ver com o tema, uma história de amor e sexo homossexual desenrolada nas margens de um lago no interior do campo francês. Uma história que envolve três homens. Um desesperadamente à procura de amor e sexo, dependente emocional de um e de outro. Um segundo, abandonado pela mulher, decide passar os dias sozinho nas margens do lago, conversando esporadicamente com o primeiro. O terceiro, um dos desconhecidos do título, um predador sexual e emocional. Nesta tríade centra-se o âmago da narrativa.

Os vários homens que passam férias nas margens do lago envolvem-se freneticamente uns com os outros, procurando encontros sexuais na vegetação serrada que cerceia o espelho de água. Quase todos rápidos, quase todos descomprometidos. Meros usuários dos corpos uns dos outros. O meio para um fim, o do alívio sexual. Contudo, nem todos são assim. O protagonista, o primeiro homem que acima referi, procura um envolvimento emocional mais profundo e tenta-o com o predador. O segundo observa o desenrolar da tragédia da qual ele próprio poderá ser vítima. Neste cenário surge o mito de um peixe-gato gigante que ataca os nadadores e o evento bem real de um frio assassinato.

Um filme que, de forma sub-reptícia, conta uma história ao mesmo tempo realista e etérea.


Captain Philips de Paul Greengrass

Paul Greengrass é daqueles realizadores de filmes de ação que consegue ser bastante mais que isso (não que existisse qualquer mal em ser apenas um). Junta-se a prestação bastante mais que competente de Tom Hanks, um dos mais queridos atores dos nossos amigos estado-unidenses, e temos um filme interessante. Duas horas e qualquer coisa bem passadas, sem rasgos de genialidade mas também nunca aborrecidas - ou não estivéssemos a falar do realizador dos filmes Bourne.


Todos já sabem a história, real, a de um porta-contentores tornado refém por piratas da Somália. O tema oferece-se perfeitamente a esta época dos óscares, onde temas politicamente corretos são explorados para legitimação moral e artística. Os realizadores e atores por vezes invertem o seu percurso estético para enveredar por temas quentes du jour, odisseias humanas em zonas cinzentas da ética. Assim foi com Dallas Buyers Club, assim o é com este Captian Philips. A única coisa que separa estes dois filmes é o realizador. Neste, como já o disse, temos Greengrass, que não é nenhum anódino tarefeiro, antes entregando um relato frenético mas, ainda assim, assumidamente documental. É um filme capaz de ser absorvido pelo palato norte-americano (e não só), mas também consegue trazer à tona um tema "sério", de forma se não serena pelo menos incisiva. Por seu lado, Tom Hanks é bastante convincente. Ambos acabam o relato de forma atípica para um filme deste calibre, onde, no final, se julgaria que o herói afastar-se-ia em direção ao pôr-do-sol montado no cavalo. Não é o caso.

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