Este é
daqueles filmes com uma “grande premissa” sobre a qual todo o enredo é erigido e
todo o desenvolvimento dos personagens orbita (que inteligente escolha de
palavra, hein?). Um vaivém espacial americano é destruído por detritos e uma
mulher, uma investigadora sem qualquer experiência como astronauta,
protagonizada por Sandra Bullock,
tenta a todo o custo regressar à Terra. Simples. Direto.
O título é,
basicamente, tudo o que este filme tenta (e consegue) representar. A sensação
de ausência de gravidade sentida pelos astronautas é omnipresente, ou não fosse
este uma película passada quase integralmente no espaço sideral, com a mãe Terra
visível aos olhos e incrivelmente distante do alcance. O prodígio técnico
alcançado é verdadeiramente impressionante mas totalmente integrado na
narrativa. O realizador não está mais apaixonado pela técnica do que pela
história, pelos sentimentos dos personagens e pelo enredo (por mais exíguo que
ele seja). Este não é nem pretende ser o próximo 2001, antes é uma exibição da
noção da perda de peso, de perda de centro, do isolacionismo, do silêncio, que
são ao mesmo tempo amigos e inimigos dos homens e mulheres que sobem a estas
alturas. É a luta desesperada de uma mulher pela sobrevivência enquanto
defronta-se com todas as dificuldades internas e externas que lhe barram a o
caminho para a salvação.
Bullock tem um dos melhores papéis da sua carreira,
conseguindo transmitir toda a ansiedade, frustração e desespero de alguém
colocado nesta situação de verdadeiro limite. O filme por vezes esforça-se
demais, acontecendo todas as desgraças que podem e devem acontecer, mas esta
pequena falha é totalmente esquecida quando nos confrontamos com algumas das
belíssimas imagens, mesmo as de destruição maciça. Um filme muito recomendável.
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