Gravity de Alfonso Cuarón

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Este é daqueles filmes com uma “grande premissa” sobre a qual todo o enredo é erigido e todo o desenvolvimento dos personagens orbita (que inteligente escolha de palavra, hein?). Um vaivém espacial americano é destruído por detritos e uma mulher, uma investigadora sem qualquer experiência como astronauta, protagonizada por Sandra Bullock, tenta a todo o custo regressar à Terra. Simples. Direto.
O título é, basicamente, tudo o que este filme tenta (e consegue) representar. A sensação de ausência de gravidade sentida pelos astronautas é omnipresente, ou não fosse este uma película passada quase integralmente no espaço sideral, com a mãe Terra visível aos olhos e incrivelmente distante do alcance. O prodígio técnico alcançado é verdadeiramente impressionante mas totalmente integrado na narrativa. O realizador não está mais apaixonado pela técnica do que pela história, pelos sentimentos dos personagens e pelo enredo (por mais exíguo que ele seja). Este não é nem pretende ser o próximo 2001, antes é uma exibição da noção da perda de peso, de perda de centro, do isolacionismo, do silêncio, que são ao mesmo tempo amigos e inimigos dos homens e mulheres que sobem a estas alturas. É a luta desesperada de uma mulher pela sobrevivência enquanto defronta-se com todas as dificuldades internas e externas que lhe barram a o caminho para a salvação.
Bullock tem um dos melhores papéis da sua carreira, conseguindo transmitir toda a ansiedade, frustração e desespero de alguém colocado nesta situação de verdadeiro limite. O filme por vezes esforça-se demais, acontecendo todas as desgraças que podem e devem acontecer, mas esta pequena falha é totalmente esquecida quando nos confrontamos com algumas das belíssimas imagens, mesmo as de destruição maciça. Um filme muito recomendável.

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