No dia dos namorados existem muito filmes apropriados para se
ir ver. Este é um deles! Sim, leram bem, este é mesmo um deles. Resumindo,
trata-se do relato das filmagens de Psycho
enquadradas pela história de amor do realizador inglês e da sua mulher, Alma. Ou melhor, é mais o contrário.
Psycho é
considerada uma das mais emblemáticas realizações do mestre do suspense e surge
num período já tardio da sua vida (depois dos 60), em que aparentemente teria
muito pouco a provar. Nada mais errado! Numa “indústria” em que se vale tanto quanto o sucesso do último filme,
este Hitchcock funciona como um
testemunho da resiliência, coragem e génio de um realizador, ou melhor, de dois
realizadores. Porque este é também o
conto de Alma, a esposa que, a ter em
conta este relato, era verdadeiramente a grande mulher por detrás de um grande homem.
Não tanto porque o apoiava incondicionalmente nas suas excentricidades e
devaneios artísticos mas porque ela própria é parte integrante do processo de
criação das variadas obras de arte que saíram da imaginação do realizador.
Parece ter existido uma profunda simbiose entre estas duas pessoas que se
acompanharam durante uma vida inteira, com os normais altos e baixos, mas
sempre no resoluto objectivo de fazer alguns dos melhores filmes da história do
cinema. Desde o momento da elaboração do script,
passando pelas filmagens, pelo processo de montagem e culminado na promoção. Nada
mal para um date movie, pois não?
É também no processo da fazer o filme Psycho que reside outra das
forças deste. É particularmente delicioso ver os esforços dos dois Hitchcock em fazer o filme, que apenas existe graças
à vontade daqueles que acreditaram nele, os artistas. Ainda que estes aspectos
apareçam espalhados e, em alguns episódios, forçadamente curiosos (por exemplo,
o relativo à música da cena do chuveiro Psycho),
não deixam de ser factos que vale a pena fixar e ver.
Obviamente que pouco há a dizer acerca dos dois atores
principais, Anthony Hopkins e Helen Mirren, que entregam prestações se não memoráveis pelo menos
profundamente naturais. O mesmo não se pode dizer da realização de Sasha Gervasi que é meramente tarefeira
e muito pouco inspirada. É pena, tendo em consideração o seu trabalho anterior,
Anvil: The Story of Anvil. Mas, de
facto, estes filmes que se alicerçam no excepcional trabalho de um actor levam a
que, por vezes, realizadores menos experientes decidam refugiar-se por detrás
do olhar meramente serviçal.
Em suma, um bom filme onde falta o golpe de génio digno dos
realizadores de quem contam a história. Não que tivessem de chegar a esses
níveis, mas pelo menos que lhes tivessem tirado as medidas de maneira mais ambiciosa.
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