Batman




Existe um fascínio curioso dos autores de BD pelo personagem Batman/Bruce Wayne. Esse fascínio, que se reflecte em “toda a gente tem uma história do Batman para contar”, originou e continua a originar uma enorme bibliografia do “Cavaleiro das Trevas” - provavelmente das maiores, senão mesmo a maior, existentes no universo dos super-heróis norte-americanos.

Existem autores e histórias para todos os gostos. Mas de onde vem este fascínio?

Tal como no Super-Homem, a origem e mitologia envolventes a Batman são de tal modo arquetípicas que se tornaram facilmente reconhecíveis (lendas?). O pequeno Bruce Wayne presencia, em frente a seus olhos, o brutal assassínio de seus pais num beco negro da sua cidade natal, Gotham City. De joelhos prostrados no sangue que empapa a calçada jura vingança, vingança que lhe servirá de motor numa cruzada que o paralisa enquanto ser humano social mas que o impulsiona religiosamente como justiceiro.

Bruce Wayne treina-se furiosamente em todas as artes e artifícios necessários, munido de um ímpeto e empenho inqualificáveis e apenas comparáveis aos maiores cultores da mente, corpo e moral da História. Finalmente, munido do “mantra” de que todos os vilões são cobardes supersticiosos e inspirado em morcegos residentes em cavernas subterrâneas à mansão da sua família, assume o disfarce sombrio do homem-morcego, o Batman.

Há uma determinação em Batman/Bruce Wayne facilmente perceptível. Não desejamos ficar impotentes na face da injustiça. Mas tem de haver algo mais já que esta parece uma parangona facilmente identificável em todos os super-heróis. Batman é um ser humano como todos nós, apenas munido de inteligência, artifícios e destreza acima do normal, sim, mas sempre muito humanas. Será Batman o que desejaríamos ser se fossemos multimilionários e abençoados com a inteligência de 5 Eintseins? No seu cerne Batman e Super-Homem acabem por ser extraordinariamente parecidos. Dois homens que, quer sejam munidos de uma força hercúlea ou inteligência salomónica, prosseguem um caminho árduo da justiça e do bem. Mas um deles é apenas um homem. E outro é um Super-Homem.

O que quer que seja, não tem havido limites para a exploração da mitologia deste Cavaleiro das Trevas. A “multidimensionalidade” e riqueza têm oferecido inspiração e drama para uma tapeçaria rica e aparentemente ilimitada, quer se fale de BD, de Cinema, de TV ou mesmo de prosa.

Já se passaram 70 anos desde a sua criação por Bob Kane e desde a primeira aparição no “Detective Comics” n.º 27, mas a história está muito longe de estar acabada. Há quem diga tratar-se de uma interminável cruzada. Tendo em consideração a riqueza e diversidade dos eternos vilões de Batman, não seria de esperar outra coisa. E, já agora, que dizer de um super-herói cujo “nemesis” é Joker, um dos maiores vilões (o maior?) da História das histórias em BD?

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