Contos da Terra Azul / Tales of Earth Blue

Uma Anjo foi capturada. Ao redor do negro lago de alcatrão onde se contorce em espasmos de luz e agonia regozijam Homens e Demónios. A aliança e os encantamentos foram frutíferos. O fogo infernal arde incandescente e vermelho nas paredes ancestrais da gruta que lhe servirá de prisão. O Rei dos Homens e o Príncipe dos Demónios e todas as Hostes emoldurados numa loucura escarlate, rasgada pelas luzes argênteas das convulsões da liberdade perdida da Anjo.

Aos poucos o cheiro a esperança da luz argêntea desvanece e as efervescências cor de Aurora esmorecem no negro do alcatrão, tão negro como o Abismo. A Anjo grita. Tristes melodias, balidos de uma baleia perdida. Uma baleia que um homem ouve ao longe, enquanto se prostra no limite de um precipício à beira de um oceano. Prostra-se para o suicídio, enquanto uma mulher ri a seu lado.

Contam que foi desta maneira que nasceu o Mal.

A She–Angel has been made prisoner. Standing at the edge of a black tar lake where she writhes in agony and in spasms of light, Men and Demons rejoice. The alliance and the enchantments have been fruitful. The hellfire burns bright and red on the ancient cave walls, where her prison will be. The King of Men and the Prince of Demons and all the Hosts are framed in scarlet madness torn by silver light convulsions that echo the Angel’s lost freedom.

Little by little the smell of hope brought by that silvery light fades and the Dawn hued slivers die out in the black tar, has black as the Abyss. The She-Angel cries. Sad melodies like unto lost whale songs. A whale heard by a man standing at the edge of a cliff overlooking the long Ocean. Waiting for suicide, while a woman laughs at his side.

They tell this is how Evil was born.


Daniel Franco

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