Este post foi possível graças ao trabalho da Lost World Comics
(cliquem no nome para irem à página de FB deles e façam as vossas encomendas)
JLA Incarnations números 1 a 7 (2001) de John Ostrander e Val Semeiks (DC Comics)
O Uma BD Aqui, Outra BD ali de hoje é um pouco diferente. Hoje decidi não fazer incursões por BDs recentes, mas antes viajar ao passado (2001-02) e falar-vos de uma mini-série que há anos andava a querer ler. Este JLA Incarnations fez parte de um período áureo do historial da Liga, quando era escrita, no título principal, pelo escocês Grant Morrison. De modo a capitalizar desse sucesso, iam saindo vários títulos paralelos, mini-séries, maxi-séries, one-shots, etc, tudo o que desse para esmifrar a carteira de fãs incautos (sim, eu sou um deles). No meio dessa barragem de títulos, vários tinham uma qualidade bastante aceitável - recordo-me do DC 2000, por exemplo, um crossover entre a Liga e a Sociedade da Justiça. Este que aqui vos trago tinha-se-me escapado (ou a carteira esmifrado), mas graças aos fabulosos préstimos da loja Lost World Comics, e à sua capacidade de encontrar números antigos dos EUA, pude finalmente o ler. E que delícia de leitura foi esta.
O conceito era básico. Durante sete números, John Ostrander na escrita e Val Semeiks no desenho levavam-nos a visitar diferentes eras da vida da Liga. O conceito era para ser entendido por qualquer um que nunca tenha lido nada das personagens e, de facto, a leitura é mais amigável do que o costume - ainda que, como sempre com os supers, ajuda que conheçam um pouco da História das histórias. Antes de mais nada, há que tecer os merecidos elogios à equipa criativa. Ostrander é conhecido por trabalhos extraordinários na escrita de títulos como The Spectre, Martian Manhunter e do lendário Suicide Squad (sim, o que inspirou o filme). A sua capacidade de misturar relevância social, entretenimento e exploração de personalidades, marcaram várias personagens e muitos leitores - quem não se lembra da fabulosa transição de uma Batgirl para Oráculo, uma evolução que tinha tanto de humana como de feminista? Semeiks é menos conhecido e (talvez) menos querido, mas este que vos escreve tem um enorme fraquinho pela sua arte. Agraciou a Liga de Morrison, numa das mini-séries/eventos que melhor se escreveram sobre esse grupo de supers e uma enorme homenagem ao Super-Homem, DC One Million. Desenhou Lobo, Etrigan, o crossover da Liga com os Wildcats, o DC 2000. O seu desenho é muito ao estilo dos anos 90, mas cinético, carnavalesco, caótico. Uma delícia de BD, com um piscar de olho aos clássicos.
O talento de ambos está bem patente em todos os capítulos deste JLA Incarnations. Ostrander não se limita a fazer o trabalho de encomenda, antes procurando sempre um ângulo interessante para abordar e acrescentando pormenores deliciosos ao historial. No primeiro número, centra-se na Liga original e no confronto geracional com a Sociedade da Justiça. O segundo na adição do Batman e do Super-Homem à formação inicial, o confronto de personalidades entre estas duas figuras lendárias e a sua relevância na Liga. O terceiro acompanhou os dias da era do satélite, seguido, no quarto, do fim dessa mesma. O quinto focou, ao mesmo tempo, a Crise nas Terras Infinitas (com uma das melhores e mais sintéticas explicações desse evento) e a Liga de Detroit. O sexto visitou a sequência (favorita para muitos) de J.M.DeMatteis e Keith Giffen, com uma Liga mais ao estilo sitcom. E, finalmente, no sétimo, fecha-se o ciclo, com a Liga de Morrison a enfrentar a ameaça original que criou o grupo vários anos antes.
Estes contos não só são um repositório de novas ideias, que seriam aproveitadas por escritores famosos que se lhe seguiram (Geoff Johns, por exemplo - descubram porque é que o digo), como uma viagem nostálgica de valor acrescentado. Para os saudosistas da Liga-sitcom aconselho vivamente a revisitarem os esquemas do Gladiador Dourado e do Besouro Azul, do Guy Gardner fofinho e do governador de Biayla, Rumaan Harjavti. E gosto especialmente da adição à mitologia da Liga do Tiranossauro falante que lança raios dos olhos de nome Fire-Eye (pura pornografia Silver Age).
Uma delícia nostálgica.
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