Doomsday Clock número 9 de Geoff Johns e Gary Frank (DC Comics)
A série que é a continuação dos Watchmen de Alan Moore e Dave Gibbons vai entrar no seu último quarto. Faltam agora três números para o final, e Geoff Johns e Gary Frank começam a resolver os mistérios que têm assolado não só esta série como também o universo de super-heróis da DC desde 2016 (ou 2011, se quisermos ser verdadeiros). É uma tarefa difícil, já que os autores construíram uma gigantesca expectativa e uma malha narrativa complexa. É uma tarefa difícil também para mim, porque fazer uma análise sem spoilers é particularmente complicado. Como não o posso assegurar, aqui fica o aviso: haverá spoilers. Eu não quero lucrar cliques no meu blog à conta do trabalho de outrem. Por isso, façam um favor a vocês mesmos e vão ler o Doomsday Clock nove. Eu espero.
Voltaram? Então ora aqui vamos nós.
Johns e Frank enchem este número de resoluções, revelações, uma batalha decisiva e avanços narrativos que inclinam este nono número para o lado do enredo e menos para o da reflexão. Por mais que possa tentar, o primeiro não é Alan Moore e, verdade seja dita, nem DClock pretende ser os Watchmen (ou, pelo menos, assim o espero). Este capítulo foca-se inteiramente nas consequências do final do anterior, invertendo para o Dr. Manhattan e tudo o que, nesta narrativa, o rodeia. Abrimos com a revelação definitiva de como esta personagem modificou o espaço-tempo do universo ficcional da DC, e de como duas famosas equipas estão desaparecidas desde 2011. A revelação tem a vantagem de agradar a fãs experientes da DC, mas tenho a certeza que deixará todos os outros perdidos. Recordo que Johns havia dito, em entrevista, que seria apenas necessário ler Watchmen e saber quem são o Super-Homem, Batman e Mulher-Maravilha para entender DClock. Não é verdade. Para tirar completo partido do que realmente acontece neste número, é necessário conhecer algo mais (ou muito mais). Fica a minha dúvida do que leitores ocasionais e interessados nos Watchmen possam aqui fazer. Reservarei qualquer julgamento final depois de ler as últimas páginas do capítulo 12.
Depois dessa abertura, invertemos para a batalha que é o enfoque principal deste número. Nela somos presenteados com um panteão alargado e colorido de (quase) todos os heróis que compõe o actual universo DC. Não é necessário saber quem são para tirar partido da sua presença ou do confronto que se lhe segue. Este é monumental, sem dúvida, e coloca o Dr. Manhattan ombro a ombro com as mais poderosas figuras divinas desde mundo fictício.
Não me escapou o facto deste nono capítulo se intitular Crisis. A palavra tem conotações relevantes para a DC, pois cada evento com este nome significou sempre uma mudança sísmica na mitologia. A batalha que se seguiu não vale apenas pelo valor de entretenimento de “bonecos à porrada”, mas também pelas revelações essenciais que se lhe seguiram, ao ponto de uma personagem de décadas ser alterada de forma radical e, ao mesmo tempo, avançar o sub-enredo deste DClock relacionado com a “conspiração meta-humana”. Esta revelação é, aliás, e no quente de a ter lido agora, particularmente interessante. No universo DC, o gene meta-humano é uma espécie de gene mutante. Uma percentagem pequena da população mundial possui-o e adquire poderes se sobrevive a uma experiência de vida ou de morte. Geoff Johns aproveita este conceito de forma radical e reveladora. Veremos o que vem daqui.
Finalmente, não posso deixar de ficar contente com o papel (ainda que pequeno) que Johns dá à Diana, a Mulher-Maravilha. É um aproveitamento em linha com o conceito da personagem e que promete ser relevante para os próximos capítulos.
Em suma, um nono capítulo que avança a narrativa, mas que, para o leitor ocasional da DC ou para o que apenas vem por causa dos Watchmen, pode ser complicado. Por outro lado, não deixa de ser divertido e cheio de momentos soberbos para fãs.
Sem comentários:
Enviar um comentário