Asghar Farhadi, realizador de origem iraniana, tem, nos últimos anos, conseguido cativar a atenção dos apreciadores de cinema (e mesmo da academia de Hollywood) com filmes pertinentes. Uma Separação e O Passado falavam já de uma ruptura necessária na tradição islâmica, principalmente no que respeita ao papel da mulher. Tal como acontece com as suas protagonistas, essa cisão tem de ser feita de forma discreta e quase não assumida e, acima de tudo, com a complacência e a anuência natural dos companheiros. Nesse sentido, Uma Separação e este O Vendedor acabam por ser faces de uma mesma questão, a questão de que a mulher, enquanto ser livre, tem a sua liberdade constantemente posta em causa, não tanto pelo que faz mas pela forma a que se vê obrigada a proceder de modo a evitar escândalo e a "vergonha" - muitas vezes sua, sim, mas também a do seu marido.
Tal como com Uma Separação, a história deste novo filme de Asghar Farhadi roda em torno de um jovem casal iraniano, ele professor, ela doméstica, ambos colegas de uma companhia de teatro amador. Depois de um curioso acontecimento que os obriga a procurar uma nova casa para habitar, algo desastroso ocorre na vida de ambos. Algo que envolve a integridade física da esposa. A forma como ela e ele lidam com esta mesma situação são reflexo de uma cultura em que o tratamento desigual do sexo feminino é uma realidade, mas também é reflexo da força deste sexo frente a um evento que significa (taxativamente) mais para ela do que para o seu marido. O que parece distinguir o realizador é a construção de uma narrativa que não se escusa ao comentário mas fá-lo de forma subtil e segura, deixando a história descrever tudo o que tem a dizer, pela limpeza dos acontecimentos que se seguem uns após os outros sem serem forçados a ser alguma coisa que não a sua própria verdade. Não existe nada de transcendente mas existe algo de realista e forte.
O Vendedor de Asghar Farhadi é um filme sobre mulheres e sobre o que uma cultura opera, de forma subtil, no seu comportamento. É um filme apropriado para este presente e um aviso para o futuro.
Tal como com Uma Separação, a história deste novo filme de Asghar Farhadi roda em torno de um jovem casal iraniano, ele professor, ela doméstica, ambos colegas de uma companhia de teatro amador. Depois de um curioso acontecimento que os obriga a procurar uma nova casa para habitar, algo desastroso ocorre na vida de ambos. Algo que envolve a integridade física da esposa. A forma como ela e ele lidam com esta mesma situação são reflexo de uma cultura em que o tratamento desigual do sexo feminino é uma realidade, mas também é reflexo da força deste sexo frente a um evento que significa (taxativamente) mais para ela do que para o seu marido. O que parece distinguir o realizador é a construção de uma narrativa que não se escusa ao comentário mas fá-lo de forma subtil e segura, deixando a história descrever tudo o que tem a dizer, pela limpeza dos acontecimentos que se seguem uns após os outros sem serem forçados a ser alguma coisa que não a sua própria verdade. Não existe nada de transcendente mas existe algo de realista e forte.
O Vendedor de Asghar Farhadi é um filme sobre mulheres e sobre o que uma cultura opera, de forma subtil, no seu comportamento. É um filme apropriado para este presente e um aviso para o futuro.
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