Warren Ellis é escritor de Banda Desenhada há mais de duas décadas e foi o culpado por histórias tão emblemáticas e históricas como Authority e Planetary, ambas da editora Wildstorm, agora pertencente à DC Comics. Estas duas obras são conhecidas de muitos leitores de BD estado-unidense, pois representaram uma mudança de paradigma, paradigma esse que pode não ter-se iniciado com a sua publicação mas que cristalizou-se nela. Authority, especificamente, ajudou a consolidar um nicho, o da BD de super-heróis adulta, ao estilo de cinema blockbuster, que não perdia de vista o maravilhamento reminiscente da Idade de Prata, que fazia, à altura, falta no género. Este ressurgimento já se tinha iniciado em obras como Kingdom Come de Mark Waid e Alex Ross, Astro City de Kurt Busiek e Brent Anderson e JLA de Grant Morrison e Howard Porter, mas Warren Ellis continuou e acrescentou mais uma linha de sofisticação.
Esta sofisticação muito deve-se à sua assinatura autoral, patente em cada linha de diálogo e no mise en scéne, se assim o podemos chamar, que Ellis impõe aos desenhadores com quem trabalha e que ajudam ao reconhecimento de uma obra sua. A escrita é, na falta de uma palavra melhor, "eficiente", não só na parcimónia com que usa as palavras, como na intenção como são debitadas pelos personagens. Existe urgência em Ellis, que obriga os protagonistas a afirmarem-se como afinadas máquinas de personalidade. Mas desenganem-se se disto concluem que são bidimensionais. Na realidade, os personagens de Ellis são profundamente Ellisanos, geralmente anti-sistema, disruptores do status quo e, acima de tudo, furiosamente independentes - Spider Jerusalem de Transmetropolitan é um dos melhores exemplos, Appolo e Midnighter de Authority outro, ainda que por razões diferentes (são o primeiro casal abertamente gay na BD de super-heróis).
Nesta nova obra, Injection, estão espelhados os trejeitos de Ellis. É impossível não abrir as páginas desta singular obra e não reconhecer, apesar dos desenhos de Declan Shalvey, que estamos a ler Warren Ellis. Existem organizações governamentais secretistas e marginalmente ditatoriais que observam, nas sombras, o desenrolar da acção. Existem os personagens "eficientes" que, desconfio, são um reflexo do autor. E existe outra mania: as verdades ocultas do mundo (leiam Planetary ou mesmo Nextwave). Neste segundo volume, essas verdades não são ainda claras mas parece estarmos perante uma curiosa junção de Inteligência Artificial criada pelos cinco protagonistas, cientistas e ocultistas à procura do futuro, com um Outro Mundo, esse místico e parte da Anciã Infraestrutura do Mundo. Esta mistura entre o tecnológico e sobrenatural é também marca de Ellis, revelando um (para nós) estranho britanismo - aliás, esta é também uma obra sobre a Grã-Bretanha e os seus antigos mistérios.
A editora Image insiste em continuar a publicar algumas das mais interessantes obras no panorama da BD dos EUA e, desta vez, escolheu Warren Ellis, um dos mais antigos e conceituados escritores desta arte. Injection ganha com este segundo volume, em clareza de enredo e intenção, conseguindo transformá-la numa das favoritas do momento.
Esta sofisticação muito deve-se à sua assinatura autoral, patente em cada linha de diálogo e no mise en scéne, se assim o podemos chamar, que Ellis impõe aos desenhadores com quem trabalha e que ajudam ao reconhecimento de uma obra sua. A escrita é, na falta de uma palavra melhor, "eficiente", não só na parcimónia com que usa as palavras, como na intenção como são debitadas pelos personagens. Existe urgência em Ellis, que obriga os protagonistas a afirmarem-se como afinadas máquinas de personalidade. Mas desenganem-se se disto concluem que são bidimensionais. Na realidade, os personagens de Ellis são profundamente Ellisanos, geralmente anti-sistema, disruptores do status quo e, acima de tudo, furiosamente independentes - Spider Jerusalem de Transmetropolitan é um dos melhores exemplos, Appolo e Midnighter de Authority outro, ainda que por razões diferentes (são o primeiro casal abertamente gay na BD de super-heróis).
Nesta nova obra, Injection, estão espelhados os trejeitos de Ellis. É impossível não abrir as páginas desta singular obra e não reconhecer, apesar dos desenhos de Declan Shalvey, que estamos a ler Warren Ellis. Existem organizações governamentais secretistas e marginalmente ditatoriais que observam, nas sombras, o desenrolar da acção. Existem os personagens "eficientes" que, desconfio, são um reflexo do autor. E existe outra mania: as verdades ocultas do mundo (leiam Planetary ou mesmo Nextwave). Neste segundo volume, essas verdades não são ainda claras mas parece estarmos perante uma curiosa junção de Inteligência Artificial criada pelos cinco protagonistas, cientistas e ocultistas à procura do futuro, com um Outro Mundo, esse místico e parte da Anciã Infraestrutura do Mundo. Esta mistura entre o tecnológico e sobrenatural é também marca de Ellis, revelando um (para nós) estranho britanismo - aliás, esta é também uma obra sobre a Grã-Bretanha e os seus antigos mistérios.
A editora Image insiste em continuar a publicar algumas das mais interessantes obras no panorama da BD dos EUA e, desta vez, escolheu Warren Ellis, um dos mais antigos e conceituados escritores desta arte. Injection ganha com este segundo volume, em clareza de enredo e intenção, conseguindo transformá-la numa das favoritas do momento.
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