Quando escolhem o vosso herói preferem os que fazem justiça pelas próprias mãos, os vigilantes, aqueles que não esperam pela mão da lei? Ou preferem os que inspiram à bondade, os que não nos carregam no caminho mas antes dão a mão quando tropeçamos? Estas duas perguntas não vêm com truques. Podem escolher ou uma ou outra. Podem mesmo achar que as perguntas não são estas. Até podem decidir escolher as duas - o que do ponto de vista da consistência talvez seja questionável. No que a mim diz respeito tenho preferência pelos segundos.
Os heróis que regem-se por princípios morais elevados são considerados uni-dimensionais, aborrecidos. Para muitos não interessa ler ou ver aqueles que aparentam não possuir falhas. O meu segredo está em ter a certeza que apenas aparentam ser assim e que tentam todos os dias ser a imagem que lhes construíram à volta. Não por eles. Pelos outros. Para que a Humanidade não caia. Aqui não faço mais que parafrasear um diálogo do Super-Homem no fim da primeira história de Grant Morrison e Howard Porter, quando iniciaram um dos mais memoráveis conjunto de histórias (chamemos-lhe run) da Liga da Justiça. Run esta que é uma das minhas BD's favoritas de sempre.
A Liga da Justiça é a equipa de super-heróis por excelência. Nela estão reunidos os maiores arquétipos da mitologia: Super-Homem; Mulher-Maravilha; Batman; Flash; Lanterna Verde; Aquaman; Caçador de Marte. Contudo, em 1997 (sim, já passaram 20 anos), esta assembleia olímpica fazia décadas que não se reunia sob o mesmo título. Por esta ou por aquela razão a DC Comics tinha escolhido outras combinações de personagens para as várias iterações da Liga. Grant Morrison decidiu pôr um fim a essa dieta e sonhou grande. Iria (literalmente) brincar com os maiores, melhores e mais conhecidos brinquedos da sala de jogos da editora. Assim nasceu JLA (acrónimo para Justice League of America). Seguir-se-iam das mais inesquecíveis histórias com este emblemático panteão de semi-deuses, alienígenas, deuses-morcego, velocistas. Em cada aventura, a escala de ameaça subia a um nível que era, julgávamos nós, pobres mortais, intransponível. Eram Marcianos Brancos, eram cientistas loucos com o poder de criar corpos e cérebros artificias tão perfeitos que simulavam vida, eram anjos (os verdadeiros, os que expulsaram-nos do paraíso) e eram vilões cujas drogas expandiam a mente para lá dos limites do universo. Tudo isto apenas neste primeiro volume, o que colecciona os primeiros oito números da revista e um especial.
Mas desenganem-se os que acham a minha admiração pelo trabalho de Morrison e Porter pouco mais que deslumbramento ao ver representadas em papel as aventuras de tão ilustre reunião de personagens. O enredo é operático, rápido, como se tudo se passasse no espaço de três segundos e as decisões fossem relógios loucamente oleados (leiam o fim do terceiro capítulo e a transição para o quarto). Os inimigos não vivem no cinzento da ambiguidade moral, são profundamente negros e tenebrosos. As frases são tão citáveis que torna-se ridículo enumerá-las todas. As "aventuras", os "contos", são ao mesmo tempo entretenimento deliciosamente pop e reflexões sobre a natureza do herói (achavam que o primeiro parágrafo deste post era só meu?).
Este primeiro volume da Deluxe Edition (a única que vale a pena comprar e ler - é como ir ver um filme à sala de cinema) tem uma coleção deliciosa de grandes momentos que tocaram e ainda tocam todas as notas certas neste fã: Super-Homem enfrenta um anjo; uma carruagem angélica encontra o poder da Mulher-Maravilha; quatro marcianos são cilindrados pelo humano Batman; Flash enfrenta outro velocista chamado Zum; Hitman vê a Mulher-Maravilha nua e já pode morrer feliz (só lido); a gramática impecável da Mulher-Maravilha; o Super-Homem sublinha que o Batman é o homem mais perigoso da Terra; o brinde aos bons velhos tempos; etc.
Tenho a plena noção que o trabalho de Morrison e Porter na JLA é insular, que é necessário gostar de super-heróis em geral e dos da DC em particular. Contudo, se eu não posso, neste blog, falar daquilo que, verdadeiramente, me dá prazer, então falo onde? Portanto, para quando a edição completa destes contos em português de Portugal?
Os heróis que regem-se por princípios morais elevados são considerados uni-dimensionais, aborrecidos. Para muitos não interessa ler ou ver aqueles que aparentam não possuir falhas. O meu segredo está em ter a certeza que apenas aparentam ser assim e que tentam todos os dias ser a imagem que lhes construíram à volta. Não por eles. Pelos outros. Para que a Humanidade não caia. Aqui não faço mais que parafrasear um diálogo do Super-Homem no fim da primeira história de Grant Morrison e Howard Porter, quando iniciaram um dos mais memoráveis conjunto de histórias (chamemos-lhe run) da Liga da Justiça. Run esta que é uma das minhas BD's favoritas de sempre.
A Liga da Justiça é a equipa de super-heróis por excelência. Nela estão reunidos os maiores arquétipos da mitologia: Super-Homem; Mulher-Maravilha; Batman; Flash; Lanterna Verde; Aquaman; Caçador de Marte. Contudo, em 1997 (sim, já passaram 20 anos), esta assembleia olímpica fazia décadas que não se reunia sob o mesmo título. Por esta ou por aquela razão a DC Comics tinha escolhido outras combinações de personagens para as várias iterações da Liga. Grant Morrison decidiu pôr um fim a essa dieta e sonhou grande. Iria (literalmente) brincar com os maiores, melhores e mais conhecidos brinquedos da sala de jogos da editora. Assim nasceu JLA (acrónimo para Justice League of America). Seguir-se-iam das mais inesquecíveis histórias com este emblemático panteão de semi-deuses, alienígenas, deuses-morcego, velocistas. Em cada aventura, a escala de ameaça subia a um nível que era, julgávamos nós, pobres mortais, intransponível. Eram Marcianos Brancos, eram cientistas loucos com o poder de criar corpos e cérebros artificias tão perfeitos que simulavam vida, eram anjos (os verdadeiros, os que expulsaram-nos do paraíso) e eram vilões cujas drogas expandiam a mente para lá dos limites do universo. Tudo isto apenas neste primeiro volume, o que colecciona os primeiros oito números da revista e um especial.
Mas desenganem-se os que acham a minha admiração pelo trabalho de Morrison e Porter pouco mais que deslumbramento ao ver representadas em papel as aventuras de tão ilustre reunião de personagens. O enredo é operático, rápido, como se tudo se passasse no espaço de três segundos e as decisões fossem relógios loucamente oleados (leiam o fim do terceiro capítulo e a transição para o quarto). Os inimigos não vivem no cinzento da ambiguidade moral, são profundamente negros e tenebrosos. As frases são tão citáveis que torna-se ridículo enumerá-las todas. As "aventuras", os "contos", são ao mesmo tempo entretenimento deliciosamente pop e reflexões sobre a natureza do herói (achavam que o primeiro parágrafo deste post era só meu?).
Este primeiro volume da Deluxe Edition (a única que vale a pena comprar e ler - é como ir ver um filme à sala de cinema) tem uma coleção deliciosa de grandes momentos que tocaram e ainda tocam todas as notas certas neste fã: Super-Homem enfrenta um anjo; uma carruagem angélica encontra o poder da Mulher-Maravilha; quatro marcianos são cilindrados pelo humano Batman; Flash enfrenta outro velocista chamado Zum; Hitman vê a Mulher-Maravilha nua e já pode morrer feliz (só lido); a gramática impecável da Mulher-Maravilha; o Super-Homem sublinha que o Batman é o homem mais perigoso da Terra; o brinde aos bons velhos tempos; etc.
Tenho a plena noção que o trabalho de Morrison e Porter na JLA é insular, que é necessário gostar de super-heróis em geral e dos da DC em particular. Contudo, se eu não posso, neste blog, falar daquilo que, verdadeiramente, me dá prazer, então falo onde? Portanto, para quando a edição completa destes contos em português de Portugal?
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