A BD dos EUA é conhecida por ser a província do sexo masculino. Nunca percebi porque os criadores não se aventuravam mais. Seria medo do desconhecido? Não que não existissem mulheres como personagens, muito pelo contrário. Eram muitas e, geralmente, o interesse amoroso dos protagonistas. Existiam, sem dúvida, as super-heroínas mas, excepto por alguns exemplos, a sua presença (já para não falar de notoriedade) era a excepção e não a regra. Com o passar das décadas, a guerra foi sendo vencida batalha a batalha, criador a criador, até que, hoje em dia, não só vemos cada vez mais personagens femininas que não são estereótipos , como (dizem) que o número de leitoras está a aumentar e, finalmente, são em muito maior número os títulos por elas protagonizados.
As editoras têm aderido a esta guerra e a Image, uma das mais interessantes e originais do panorama dos Comics, não é excepção. Falemos, por exemplo, destas três séries, todas de temáticas bem diferentes: Velvet centra-se no mundo da espionagem datada da década de 70; Lazarus lança-se num futuro pós-apocalíptico governado por famílias poderosas; Ody-C é uma reinterpretação da Odisseia de Homero, mas no espaço sideral e tendo como protagonistas apenas mulheres. Todas abraçam com naturalidade as protagonistas, sem agenda ou militantismo, apenas com a graciosidade da qualidade da história e do enredo.
Já falei neste blog das duas primeiras (vejam aqui e aqui) mas nunca é demais reiterar a qualidade de ambas. Os criadores envolvidos ficaram bastante conhecidos por trabalhos na Marvel e DC e decidiram-se pelo salto para a produção independente, escolhendo a Image. Os tiques e gostos que os haviam transformado como escolha natural para certos personagens nas duas grandes editoras são reaproveitados para a criação de personagens e histórias suas e adaptadas ao talento de todos. Brubaker e Epting já tinham conseguido uma simbiose na exploração do tema de espionagem no Capitão América. Com Velvet voltam a integrar o gosto do primeiro por estas narrativas e os desenhos do segundo, que não deixando de estar adaptado à atmosfera noir requerida, são também realistas o suficiente para não afastar os leitores pelo excesso de estética. Por seu lado, Lazarus de Rucka e Lark, tende para a prosa militarista e directa do primeiro, à qual se adapta o traço de Lark, realista, virtuoso, sem excessos e com fluidez narrativa. As histórias de ambas as séries continuam fortes, quer em termos de valor de entretenimento, quer de reflexão. Provas de que é possível produzir nos EUA mais BD do que apenas super-heróis.
Finalmente, o OVNI que é Ody-C de Fraction, escritor, e Ward, desenhador. O último já tinha tido uma colaboração muito interessante em Infinite Vacation e com Matt Fraction, conhecido por uma prosa rebuscada e, por vezes, surreal, volta a enveredar pelo caminho do estranho. O estilo de Ody-C não é exactamente uma estética que me agrade, mas a reinterpretação que faz da Odisseia acaba por ser um mote de entrada que é recompensador para quem conhece, mesmo que superficialmente, esse livro fundador. Ulisses (ou Odisseu) é um mulher, tal como os tripulantes, tal como os deuses do Olimpo. É um livro com o qual não me identifiquei particularmente mas que, acredito, apele ao gosto de muitos já que o trabalho dos dois criadores é diferente e apelativo. Acredito que deva ser lido.
Já falei neste blog das duas primeiras (vejam aqui e aqui) mas nunca é demais reiterar a qualidade de ambas. Os criadores envolvidos ficaram bastante conhecidos por trabalhos na Marvel e DC e decidiram-se pelo salto para a produção independente, escolhendo a Image. Os tiques e gostos que os haviam transformado como escolha natural para certos personagens nas duas grandes editoras são reaproveitados para a criação de personagens e histórias suas e adaptadas ao talento de todos. Brubaker e Epting já tinham conseguido uma simbiose na exploração do tema de espionagem no Capitão América. Com Velvet voltam a integrar o gosto do primeiro por estas narrativas e os desenhos do segundo, que não deixando de estar adaptado à atmosfera noir requerida, são também realistas o suficiente para não afastar os leitores pelo excesso de estética. Por seu lado, Lazarus de Rucka e Lark, tende para a prosa militarista e directa do primeiro, à qual se adapta o traço de Lark, realista, virtuoso, sem excessos e com fluidez narrativa. As histórias de ambas as séries continuam fortes, quer em termos de valor de entretenimento, quer de reflexão. Provas de que é possível produzir nos EUA mais BD do que apenas super-heróis.
Finalmente, o OVNI que é Ody-C de Fraction, escritor, e Ward, desenhador. O último já tinha tido uma colaboração muito interessante em Infinite Vacation e com Matt Fraction, conhecido por uma prosa rebuscada e, por vezes, surreal, volta a enveredar pelo caminho do estranho. O estilo de Ody-C não é exactamente uma estética que me agrade, mas a reinterpretação que faz da Odisseia acaba por ser um mote de entrada que é recompensador para quem conhece, mesmo que superficialmente, esse livro fundador. Ulisses (ou Odisseu) é um mulher, tal como os tripulantes, tal como os deuses do Olimpo. É um livro com o qual não me identifiquei particularmente mas que, acredito, apele ao gosto de muitos já que o trabalho dos dois criadores é diferente e apelativo. Acredito que deva ser lido.
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