Todos procuramos momentos de prazer. Na comida que comemos. Nas pessoas com quem convivemos. Para os adoradores da leitura é um deleite supremo quando nos deparamos com algo que achamos particularmente bem escrito, bem estruturado e entusiasmante. Isso pode vir da arte de bem escrever ela própria ou, pura e simplesmente, de um prazer pop que advém dos lugares mais íntimos. Ou, no melhor de todos os mundos, pode provir dos dois. E assim termino a introdução para este Justice League número 41 pelas mentes de Geoff Johns e Jason Fabok.
Geoff Johns não é um escritor de excepção. Ele não esconde não ter qualquer tipo de ambição para além de uma relação popular com o leitor de BD. Não é Alan Moore ou Jodorowsky. Nesse sentido, quando se lê o trabalho deste escritor não se espera muito para além de um controlo acima da média da arte de bem contar uma história de super-heróis. Quem já leu os poucos trabalhos de Johns fora deste tipo sabe do que falo. Contudo, ano após ano, trabalho após trabalho, tem conseguido merecer o título de um dos mais entusiasmantes escritores de BD das mulheres e homens de collants. Até recentemente o seu produto na já longa saga da Liga da Justiça não era dos melhores exemplos do que acabei de referir. Até chegar Darkseid War, a saga que começa em força neste número 41 e que os leitores deste blog já conhecem (leiam aqui o que escrevi) e conhecem o entusiasmo com que aguardava o seu despoletar.
Para os que não estão dentro da minha cabeça é difícil reproduzir a alegria infantil que foi finalmente poder ler esta história. Nela conjugam-se, para mim, quase todos os elementos que contribuem para uma boa história de super-heróis: uma ameaça cósmica que põe em risco toda a realidade; a junção dos maiores arquétipos do super-herói, os mais reconhecíveis, numa única equipa e contra a dita ameaça; enfoque num dos meus personagens favoritos deste mundo literário, Diana de Themyscira, a Mulher-Maravilha. Claro que, facilmente, poderia descambar para um clássico caso de expectativas muito altas que saem defraudadas. Nada disso. Foram amplamente atingidas em esplendorosas 40 páginas da arte suprema de bem fazer BD de super-heróis.
Existem todos os elementos que desenham a assinatura de Geoff Johns: o enfoque nas personalidades dos personagens, com momentos exemplares que envolvem Shazam, Super-Homem/Lex Luthor, Darkseid, Mister Miracle e, claro, a Mulher-Maravilha; enredo cheio de surpresas; escala cosmogónica; em suma, momentos de tirar o fôlego. Isto é o que a BD de super-heróis deve (por vezes) almejar ser: alicerçada num longo historial sem detrimento de novos leitores mas também nunca dos velhos; orçamento ilimitado pela imaginação; seres arrebatadamente puros e bons a enfrentar outros tenebrosamente maléficos - uma ópera do Bem contra o Mal, com o destino do espaço-tempo nas mãos de ambos. A DC Comics quando quer, e porque tem os tais maiores arquétipos, os mais tenebrosos dos vilões, consegue isso de uma forma deliciosa. Este início da Darkseid War é isso mesmo. Aplausos.
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