A expansão do universo cinematográfico da Marvel continua. Literalmente. Ainda que não seja necessário saber muito dos filmes anteriores, existem muitos piscares de olho à macro-história que está a ser contada mais ou menos desde o primeiro Homem de Ferro e que - espera-se - irá terminar no terceiro dos Vingadores. Desta vez, o palco é o cosmos e não apenas a nossa pequena esfera azul. Digamos que Guardiões da Galáxia é Star Wars com (quase) super-heróis. Digo quase porque, tirando a árvore falante que conhece apenas três monossilábicos (Groot, para quem não sabe o personagem mais antigo da Marvel a aparecer nestes filmes), tirando o ser vegetal falante, os restantes pouco têm a ver com o clássico conceito de super-herói. Já nem falo da moralidade elevada que, desde a década de 80 tem sido na BD constantemente posta em questão, mas antes dos famosos super-poderes. Aqui eles não existem.
Temos cinco personagens que são, basicamente, a alma e forma deste filme. No meio do argumento que (muito sinceramente e aqui que ninguém nos ouve) já anda a parecer um pouco formulaico, o coração de toda a história reside em personagens fabulosos, capazes de arrastar o espectador para todas as mais ridículas e repetidas situações e fazer parecer tudo divertido e inovador. Especialmente Starlord e Rocket Raccoon, o primeiro o motor da história e o segundo, apesar de integralmente feito por computador e basicamente um guaxinim falante, muito mais do que apenas um desenho animado (bem vindo ao grupo do Gollum). Starlord, interpretado por um excelente Chris Pratt, já foi várias vazes apelidado de Han Solo moderno, o "lovable rogue", o anti-herói com um coração de ouro e, desde o primeiro momento, de facto é-o. O Rocket Raccon, que poderia ser uma coisa engraçada, um chamariz sem substância, por força do argumento e a voz de Bradley Cooper, ascende ao panteão inaugurado pelo monstro do Senhor dos Anéis. Os restantes Guardiões, Gamora, Drax e Groot, ainda que complexos q.b., ficam um pouco no banco de trás. Haverão outros filmes para se redimir.
Existe, contudo, um lado menos conseguido. Há semelhança do inimigo no último filme do Thor, Malekith, os vilões são o ponto fraco, pouco desenvolvidos, apenas um poço de ódios e vingança que procuram disfarçar a fraca espessura com vaidade, gritos e uma aura de perigo e violência extrema. Quer Ronan, quer Nebula não emprestam quase nada à história para além de ser os antagonistas. Thanos, a ameaça para a qual todos os filmes da Marvel caminham, tem, aparentemente, mais força e presença do que os clichés que são os primeiros. O que, muito sinceramente, é pena. Principalmente tendo em consideração que, quando temos exemplos como Loki, sabemos que a Marvel é capaz de melhor.
Um filme divertido, provavelmente o melhor da Marvel este ano. E, já agora, malta que já se chateia com o recorrente McGuffin dos mais recentes filmes da Marvel, que para os fãs são as Gemas do Infinito: esperem um pouco mais. Pode ser que a fé dos fanáticos de BD seja recompensada no terceiro dos Vingadores (para quem não leu os livros isto é um grande spoiler) e vocês percebam porque estamos tão ansiosos com a reunião das seis gemas pelo vilão Thanos.
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