Isto é o que se chama de filme independente norte-americano. Todos os elementos da receita estão lá: uma produção modesta mas profissional; actores pouco conhecidos mas seguros e competentes; uma história que envolve famílias e, regra geral, passada fora dos grandes centros urbanos. Ressalvadas as generalizações, estes elementos estão todos em Ruína Azul, filme que vem com o carimbo de qualidade da cinematografia fora dos grandes estúdios. Conta uma história de forma menos "limpa" e afasta-se dos grandes nomes (atores e realizadores). Assegura o distanciamento necessário para que possa ser considerado "obra de autor". Mas, na minha opinião, não o consegue totalmente.
O enredo envolve duas famílias que, no passado, partilharam uma tragédia. Um dos elementos de uma assassinou ambos os progenitores da outra. Dezoito anos depois, o homicida é libertado e um dos filhos das vítimas decide fazer justiça pelas próprias mãos. Imediatamente, são envolvidos numa espiral de violência, cada um dos lados propositadamente escolhendo estar longe da justiça oficial. Este é um assunto que deverá ser resolvido "entre eles".
Confesso ter alguma dificuldade em me envolver com estes universos de vingança e violência. Aqueles que são estilizados ou que, não sendo, o cerne extrapola estes sentimentos, entrando pela metáfora e alegoria, são fáceis de gostar ou mesmo de delirar (de um e outro exemplo lembro-me de Kill Bill e Histórias de Caçadeira, respectivamente). Mas Ruína Azul sabe a um estilo de familiar que não me é (perdoem a repetição) familiar. Assisti ao filme com distanciamento e sem nenhum envolvimento pessoal particular.
Tecnicamente, é um filme muito bem executado, sem rasgos de genialidade ou originalidade. Em suma, competente. Apenas como nota, não fui muito fã da questão de se chamar Ruína Azul pelo facto da cor aparecer em todo o filme.
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