Esta é a BD que mais prazer me dá. Existem outras que me
entretêm na mesma medida. Outras ainda que estimulam o lado mais intelectual. Mas
Saga é tudo junto. O trabalho de
Vaughan e Staples continua ímpar nessa fusão tão difícil entre entretenimento e
profundidade. Seria de esperar que viesse do trabalho do escritor, Brian K. Vaughan,
tendo em conta obras anteriores como Y:
The Last Man e Ex-Machina. Contudo,
nada fazia confiar na qualidade desta nova peça que, a crescer como continua a
crescer, com certeza que será a sua obra-prima – até nos surpreender outra vez.
Isto sem reforçar o papel de Fiona Staples.
Já em posts anteriores falei do volumes que antecedem este terceiro, mas nada do que aí disse ou direi neste poderá substituir-se
a correrem já para uma loja de BD, para um site
de venda de livros e, caso ainda não os tenham, comprar à confiança cada um dos
três tomos já publicados. Não é por acaso que os elogios se têm multiplicado pelos
vários críticos e, acima de tudo, pelos leitores. Não é por acaso que os Trade Paperbacks estão repetidamente no cimo
das vendas mensais (para quem não sabe, os volumes de que aqui falo e que
colecionam comics individuais). Cada
um dos dois artistas está em topo de forma. Vaughan não só nos dá um mundo fantástico
que mistura Guerra das Estrelas com Romeu e Julieta, como constrói
personagens de riqueza desconcertante, não tanto pela originalidade mas mais pela
profundidade das respetivas personalidades e motivações. Cada cara não é só um design brilhante (já falo do trabalho
superlativo de Staples), é também um sorriso, uma mania, uma maneira de falar,
um historial rico, uma personalidade perfeitamente falhada. Por outro lado,
existe algo de difícil descrição mas que apenas uma palavra me ocorre para o traçar:
maturidade. Não só no modo como temos personagens vindos das mais diferentes inclinações
- políticas, sexuais, etc.- como estes agem como indivíduos do mundo real e
adulto se portariam. Estamos a falar da luta de uma família para sobreviver a
uma perseguição de inclinações políticas, das quais apenas querem distância. O
casal deseja somente criar a sua filha longe de querelas obsoletas. Não existem
motivações adolescentes de afirmação pessoal perante o homem ou mulher dos seus
sonhos. A mulher e o homem dos sonhos é já um dado adquirido. Agora vem o que
vem a seguir: tudo o resto.
Staples. O que dizer desta senhora que, usando de uma linha
clara, sem floreados e pormenores redundantes, conta a história de forma direta
e eloquente. Que é mestre de design
de personagens e ambientes, como muito poucos artistas o são hoje em dia. Cada novo
personagem, por mais estranho que pareça, depressa se entranha na familiaridade
do conforto. A mistura que faz entre o corriqueiro e o estranho é uma das assinaturas
mais soberbas da desenhista. Podemos ter um par de jornalistas provenientes de
um mundo subaquático mas que se vestem como hipsters.
O que a princípio destoa, na realidade consona.
Poderia continuar durante mais parágrafos e perder-me em
elogios mas, de futuro, não só deixava de ter coisas para dizer como nunca
faria jus à leitura. É História da Arte que aqui se escreve e desenha…
2 comentários:
Eu estou em pulgas para ler esta série, mas estou à espera que a Image faça uma publicação que faça jus ao trabalho dos autores, isto é, uma edição de luxo.
Maneira que vou esperando...
:D
Como já disse, Nuno, que inveja ires ler tudo de uma assentada. LOL
Enviar um comentário