Do Fantasporto, este ano trago uma impressão suave de dois filmes e a marca forte de um grande filme. Os dois filmes que já se vão esfumando na minha memória e que, a bem da verdade, até foram entretidos e escorreitos foram o “Shrooms” de Paddy Breathnach (Irlanda) e o “Sukiyaki Western Django” de Takashi Miike (Japão). A surpresa boa foi “Tuya’s Marriage” de Quanan Hang (China).
De Paddy Breathnach, nada conhecia e “Shrooms”, apesar de ter uma estrutura narrativa interessante e que o sustenta, pareceu-me previsível. Um grupo de jovens em busca de novas sensações num lugar mitologicamente associado ao mistério, aos monstros e ao medo, realizam uma “viagem” de terror, depois de se atirarem, à grande, a uns cogumelos alucinogénios.
De Takashi Miike, o passado dizia-me que tudo se podia esperar. E assim foi. “Sukiyaki Western Django” pareceu-me um Kill Bill mas ao contrário. Com cowboys de olhos em bico e pistolas em vez de sabres. E Quentin Tarantino, não é só uma referência, participa como actor. É um filme estranho. Apetece-me chamar-lhe um western-sushi apalhaçado. Foi o pior filme que vi deste realizador. Ou, às tantas, não o percebi.
“Tuya’s Marriage” foi a surpresa que valeu a viagem. Que batalhas tem uma mulher que vencer para sobreviver quando nasce e vive num dos mais inóspitos lugares da terra e quer continuar a ser humana no que de mais belo tem o ser humano: amar outra pessoa? Se uns, cansados do excesso de conforto, partem “into the wild”, outros há que nascem e vivem “in the wild”, sem segurança social, água canalizada, electricidade ou ajudas da família. E são humanamente grandes. E sobrevivem. Este filme ganhou em Berlim, em 2007. Não dei conta. Não sei se estreou ou se vai estrear em Portugal, mas hei-de rever num destes dias.
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