El Espinazo del Diablo de Guillermo del Toro


Quando se ouviu falar que Guillermo Del Toro iria provavelmente realizar “O Hobbit”, adaptação do romance homónimo de Tolkien, as coisas dividiram-se mais ou menos assim: aqueles que estavam à espera da notícia que seria feito mais um filme baseado na literatura do mesmo autor do Senhor dos Anéis (ficaram muito contentes); os que gostam do Guillermo Del Toro depois de ver filmes como “El Labirinto Del Fauno” e “Hellboy” (ficaram também muito contentes); os que não se interessam nada por estas coisas do Senhor dos Anéis e deste realizador mexicano (tanto se lhes faz como se lhes fez); os que gostam do “Senhor dos Anéis” (livro e filme) e que apreciam o trabalho de Del Toro (estes ficaram bastante contentes mesmo, do estilo “eu cá...acho que acho que isto vai ser mesmo a bombar!”). Tristemente tenho que dizer que faço parte destes últimos.

Portanto, sobre isto tenho mesmo que dizer: ainda bem que Del Toro vai realizar “O Hobbit” (bem, pode não acontecer e até o lavar dos cestos ainda é vindima mas...).

E isto tudo para fazer a introdução de “El Espinazo del Diablo”, filme superior de Del Toro e parte de uma (ainda) potencial e informal trilogia de filmes deste realizador sobre a guerra civil de Espanha (o segundo é o também genial “El Labirinto Del Fauno”, o terceiro tem o nome previsto de “3993”).

“El Espinazo del Diablo” retrata a história de um órfão da guerra que é deixado num orfanato perdido algures no nada de uma imensa planície espanhola, sendo colocado num palco onde emoções à flor da pele e um fantasma em busca de retribuição se degladiam numa narrativa plena de sentimento e nobreza.













A guerra é tratada metaforicamente, alegoricamente, os protagonistas representando mais do que aquilo que as suas personalidades à partida procurariam representar. É estranho que um realizador mexicano tenha tanto apreço por este tema e o procure representar com esta imagética sobrenatural. Mas não são algumas das melhores histórias da humanidade aquelas onde o real é levemente tocado pelo véu do outro mundo? Vejam “Hamlet”, “Ricardo III”, “Fausto”, “Cem anos de solidão”, “Odisseia”. Não querendo ter a presunção de achar que se pode colocar tudo e mais alguma coisa num mesmo patamar, parece que Del Toro representa algo de melhor nesta arte (não me estou e referir ao cinema apenas) que é recolher influências dos mais diferentes vectores da cultura humana (quer sejam eles populares, quer sejam eruditos) e regurgitá-los numa amálgama que se afirma como um universo e uma referencia em si mesma, como um estilo que (sim...por que não dizê-lo?!) entretêm e nos faz pensar. A ver!

Ah... e ele é um grande fã de BD!

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