Han Solo: A Star Wars Story de Ron Howard

A Disney prometeu e entregou. Depois de adquirir um dos universos mais conhecidos de fantasia e de ficção científica, teve a ambição de lançar mais filmes passados numa galáxia muito distante.
A Star Wars expandiria a presença nas salas de cinema, não só com uma continuação dos originais, mas também com one-shots que exploravam cantos sugeridos mas nunca vistos. Era inevitável que uma das mais famosas personagens da trilogia original fizesse parte da naipe de novas histórias. Han Solo, o lovable rogue,  precisava de ter um filme que explorasse o seu passado. Eis que aparece este Han Solo: A Star Wars Story de Ron Howard.

Dizer que este filme é fanservice é eufemísmo. Quase todo o passado sugerido em filmes da trilogia original é explicado e explorado neste. A Kessel run em menos 12 parsecs? Está lá. Como o Chewbacca e Solo se conheceram? Lá está. O encontro original com Lando Calrissian? Sim, check. Como Han adquiriu o Millenium Falcon e como revela ser um dos maiores pilotos da galáxia? Não desaponta. Nada de verdadeiramente novo é introduzido, o que, aliás, tem sido sempre verdade nestes regressos ao universo da Star Wars. Toda a invenção que pudesse existir aconteceu nos filmes de George Lucas. Desenganem-se se esperam ser maravilhados com paisagens e conceitos nunca vistos - já nem o Star Wars original o era, mas sempre se podia dizer que baralhava e voltava a dar - e não é a maior parte da criação isso mesmo?  Contudo, no que a mim diz respeito, resulta. Desculpem-me fãs e não fãs, intelectuais e afins, mas entrei na sala para ser entretido e fui-o. Sem grandes surpresas, sem ser elevado ao limite do prazer, consegui duas horas da minha vida sem pensar em muito para além das imagens que se passavam à minha frente. Por vezes, isso basta.

Não é, nem de longe, nem de perto, um excelente filme. Não é um dos melhores Star Wars, mas também não é o pior (esse mérito continua nos Episódios I e II). Ajuda que é fanservice? Sim, ajuda. Quem conhece as piadas, quem se liga a este mundo de fantasia heróica da ficção científica, sai bem da sala de cinema. E acredito que os outros também.

A realização de Ron Howard é sem surpresas, mas, convenhamos, George Lucas pode ter sido um talentoso worldbuilder, mas realizador de excepção? Nunca o foi! O actor que se segue como Han Solo vai bem, é carismático e suficientemente diferente de Ford para não ser redundante. Existem personagens que são pouco mais que bonecos para vender, mas não foi sempre assim no Star Wars? Ainda assim, existem algumas que se destacam e que acabam por estar em acordo com a mensagem de resistência subversiva ao poder instituído que a franquia sempre tentou passar. Só tenho pena é que a revelação surpresa envolva uma personagem que apenas os fãs indefectíveis (não sou um deles) percebam como aparece aqui (agora já sei como os não-fãs da DC sentem-se).

Um filme divertido e sem pretensões.

2 comentários:

Fernando Dordio disse...

Claro que o George Lucas foi um realizador de excepção. Então?

A template de todos os filmes de Star Wars foi e sempre será o Episódio IV e está muito bem realizado. Aliás, a forma como ele conseguiu juntar argumento e realização é soberba.

Como dizer que a realização não é soberba de um filme que mudou a forma de fazer cinema? Além disso, a planificação visual do Episódio V foi do Lucas, mas comos os efeitos e a produção era tão complicada ele afastou-se da direcção de actores. Tudo foi feito por ele nas cenas de efeitos e existem storyboards muito detalhados que o realizador seguiu.

Ele pode não ter feito boas prequelas, mas todas as cenas de acção das prequelas superam em muito as dos filmes das Disney. Exemplos:

- Batalha com Darth Maul
- Pod Race
- Perseguição Coruscant
e tantas outras.

Ele não estava interessado em actores, só no desafio tecnológico.

SAM disse...

Obrigado pelo comentário. Gosto desse entusiasmo.

Ele ficará para a História do Cinema, disse ninguém duvida.