O meu MOTELx! - The Hallow, Extinction, I Am Here e Knock Knock parte I

Os quatro filmes que completaram o meu MOTELx provam que dentro do cinema de terror existem diferentes tipos de linguagens e abordagens. The Hollow e Extinction recorrem ao clássico horror primordial que esconde-se na floresta (literalmente, no caso do primeiro), aos barulhos e fugazes movimentos que amedrontam o ser humano desde que temos inteligência para temer a natureza. Por seu lado, I Am Here e Knock Knock levam-nos para um tipo de terror mundano, realista, ambos funcionando no âmbito da estética do ditado "cuidado com que desejas que pode concretizar-se."

Hoje escrevo sobre os dois primeiros.


The Hallow leva-nos para uma das culturas mais ligadas ao horror, a irlandesa. Aquando da aculturação por parte da igreja católica e, mais tarde, com o inexorável avanço da máquina, os antigos e mitológicos habitantes da ilha esmeralda tiveram de regredir para espaços cada vez mais exíguos, para florestas cada vez menores. Os irlandeses não se esqueceram dos antigos tributos e dos antigos perigos e continuam a honrar estes velhos terrores. Este filme é sobre aqueles que não conhecem esta herança tenebrosa e aventuram-se, desrespeitosamente, e disruptam as fronteiras.  Cinematograficamente, não sendo um triunfo inovador é, contudo, um pedaço bem conseguido de entretenimento que nos agarra e entretém durante quase duas horas. 


O mesmo se passa com Extinction. O filme aborda um velho tema, o de uma terra pós-apocaliptica, destruída por uma praga de monstros a meio caminho entre zombies e vampiros. Nove anos depois da hecatombe, a história centra-se em apenas três personagens, dois amigos desavindos e a filha de um deles, nascida neste mundo desolado pela praga e pelo gelo. Um bom filme de terror (ou qualquer outra narrativa, a bem dizer) centra-se menos nos mecanismos fantásticos mas antes na influência destes nos comportamentos de determinadas personalidades. É nesta análise do ser humano quando confrontado com situações de limite que muitos destes filmes perdem a sua vertente mais hermética e conseguem ganhar espaço e relevância. Nesta arte vale apenas a capacidade do escritor e do realizador desenharem personalidades convincentes e mais ou menos universais. Extinction é uma pequena vitória nesta frente.

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