A época dos Óscares é altura obrigatória para prestações fora de série dos actores. Os realizadores aproveitam e atiram cá para fora histórias inspiradoras, reveladoras do engenho do espírito humano. Muitas vezes, esse engenho vem de lugares que, à partida, pareciam insuspeitos. Homens e mulheres estranhos à sociedade, que não se encaixam total e perfeitamente nos padrões. Se reconhecem estes sinais é porque já os viram várias vezes no grande ecrã. Contudo, não sou tão desligado destas histórias que não existam algumas que me chamam mais à atenção ou que me tocam com maior força. A deste filme é uma dessas.
O Jogo da Imitação relata uma história há muito escondida. Aliás, fez parte dos segredos de estado inglês durante 50 anos. Um homem genial, ainda que verdadeiramente associal, durante a segunda Grande Guerra, foi capaz de inventar o pai dos computadores e descodificar uma linguagem usada pela Alemanha Nazi julgada indecifrável. Essa linguagem, chamada de Enigma, era usada pelo Alto Comando Nazi para passar todas as mensagens de manobras militares do palco de guerra. A importância da descoberta deste puzzle foi de tal forma importante que, estima-se, pouparam-se 15 milhões de vidas e dois anos de guerra. Tudo graças a um punhado de homens (e uma mulher) capazes de pensar fora da caixa.
Benedict Cumberbatch, o actor principal, está na moda e com boa razão. A sua prestação como Alan Turing é fenomenal ainda que, claro, não seja uma particular novidade no mundo de actores como Daniel Day Lewis ou Dustin Hoffman, que também passaram para o ecrã personalidades complicadas. Mas o que carrega verdadeiramente o filme é a história (obviamente baseada em factos reais), uma história que ganha volume e corpo sensivelmente a meio, após a descoberta do código Enigma. O que até então parecia pouco mais que um relato histórico, adquire um porto moral mais complexo, quer do ponto de vista dos personagens, quer do ponto de vista ético. No início do filme, o realizador e o escritor, pela voz de Cumberbatch, apelam-nos a que reservemos qualquer tipo de julgamento até o momento final da história. É exactamente esse julgamento que somos obrigados a fazer não só em relação aos personagens mas também em relação a todos nós se colocados em situações semelhantes.
O filme tem, paralelamente, uma dimensão curiosa face à temática: a do amor. O que fazemos na vida por ele. O que fazemos na vida por o ter perdido e termos receio de não o voltar a encontrar. Um amor que não é só carnal, mas de almas gémeas, de encontro de mentes, de paz e de abrigo. O titulo do filme alude muito eloquentemente a esta busca.
Não estamos presentes de uma obra-prima do Cinema, mas de um filme simples, com personagens pouco simples em situações bastante complexas. Acho que vale a pena.
PS - É curioso vermos o actor Charles Dance, que conhecemos como o patriarca do Clã Lannister da Guerra dos Tronos, a fazer um personagem muito semelhante ao da série de TV.
O filme tem, paralelamente, uma dimensão curiosa face à temática: a do amor. O que fazemos na vida por ele. O que fazemos na vida por o ter perdido e termos receio de não o voltar a encontrar. Um amor que não é só carnal, mas de almas gémeas, de encontro de mentes, de paz e de abrigo. O titulo do filme alude muito eloquentemente a esta busca.
Não estamos presentes de uma obra-prima do Cinema, mas de um filme simples, com personagens pouco simples em situações bastante complexas. Acho que vale a pena.
PS - É curioso vermos o actor Charles Dance, que conhecemos como o patriarca do Clã Lannister da Guerra dos Tronos, a fazer um personagem muito semelhante ao da série de TV.
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