História e Personagens da BD - Parte 1

Super-Homem

Harlan Ellison, escritor americano, disse uma vez que existem 5 personagens ficcionais que toda a gente já ouviu falar de uma forma ou de outra: Rato Mickey; Tarzan; Sherlock Holmes; Robin dos Bosques; e Super-Homem.

De facto, perguntem a qualquer pessoa, de qualquer parte do mundo, de qualquer estrato socio-económico e a probabilidade de que esse indivíduo já ouviu falar do Super-Homem é elevadíssima. Pode ter sido apenas o nome. Pode ter sido o facto de ele ter as cuecas do lado de fora. Pode ser porque ele voa. Pode ser porque tenham lido Nietzsche. Ou, obviamente, porque lêem as BD’s.

Criado em 1933 (ano de ascensão ao poder de Hitler) por Joe Seigel e Joe Shuster, dois jovens judeus e franzinos, encontrou casa apenas em 1938 na editora americana DC Comics, onde veria a luz da publicação na histórica revista Action Comics n.º 1 (Junho desse mesmo ano).

A sua mitologia de tão simples tornou-se intemporal. O planeta Krypton foi destruído por uma série de cataclismos naturais e o único sobrevivente deste mundo, Kal-El (reparem no sufixo El, normal em nome de anjos: Gabriel; Samael), é enviado pelos seus progenitores para o nosso planeta, onde seria encontrado, adoptado e criado pelo casal Kent, numa pequena fazenda do estado norte-americano de Kansas. O simples e humilde casal Kent (o sal da terra) cria o renomeado Clark Kent sobre princípios básicos de decência; respeito mútuo e humildade que haveriam de ser basilares no criação de um herói no seu sentido mais arquetípico, o do altruísta que se sacrifica pelo Bem comum. Não há hesitação em Clark Kent/Super-Homem/Kal-El. Todo ele é movimento contínuo na busca incessante da paz e da verdade. No sorriso apaziguador mas nunca paternalista deste Homem pouco há lugar para a dúvida. Apenas para a salvação. Ele seria Jesus Cristo e Buda caso existisse. Ou se calhar foi Gandhi e é Nelson Mandela.


Os seus poderes de voar, super-força, invulnarabilidade, etc, são sem dúvida parte integrante do ícone que é Super-Homem, mas ficam aquém dos valores quase inatingíveis a que ele se e nos propõe. Provavelmente esta é uma das maiores falhas deste personagem. A sua virtude quase divina acobarda-nos e faz-nos sentir mais pequenos, menos Homens. Mas como Grant Morrison disse, usando a boca de Kal-El, “Estamos aqui para agarrá-los caso eles caiam!”. O a agarrar somos nós. Os que agarram são os Super-Homens do mundo. Nunca líderes. Apenas pastores.

Ao longo destas 7 décadas, permanece como um dos mais indeléveis personagens a sair da literatura e folclore americano (reparem que também ele é um emigrante, como são todos os americanos de primeira geração). Presenciou algumas alterações e iterações (como acham que permanece tão jovem depois de 70 anos?), mas manteve-se sempre presente no senso comum e de lá provavelmente nunca sairá.

Este é um resumo extraordinariamente resumido do que este personagem tem para dar e de todas as suas histórias. Quem sabe no futuro vos fale mais e melhor de como no início o Super-Homem era violento, da sua morte e ressurreição, de como sobrevive até o século 853 e do Sol faz a sua casa, das múltiplas vidas em realidades paralelas...

2 comentários:

Nuno Amado disse...

No princípio achava o Super muito fixe, depois fiquei farto dele...
Agora passados 25 anos comecei a gostar outra vez, muito por culpa do livro cuja imagem tens em 1º lugar (All Star Superman).

Abraço

SAM disse...

As minhas BD's favoritas são, de repente e de memória:

All Star Superman
Superman Red Son
Superman Secret Identity
Superman for All Seasons
Whatever Happened to the Man of Steel

A minha run favorita das séries mensais é a do Joe Kelly e Jeph Loeb.

De histórias não apenas do Super-Homem mas em que o personagem é homenageado é o JLA: One Million.

Se puderem ler qq coisa destas vale a pena.