The National / Fake Empire

O homem sentou-se na floresta verdejante de primavera com uma colher, sumo de limão e o desejo de chegar ao céu. Mas a floresta não era uma floresta, era antes uma rua suja e o desejo de chegar ao céu era antes o prazer nos estertores da morte. Ele ouviu o chilrear que era antes o grito da mulher desesperada ao ver o filho brincar ali, sem esperança. Ele esboçou um sorriso de felicidade que era antes um esgar contorcido pela alegria fugidia.

E o trovador mastigou e cuspiu a realidade na letra e timbre de uma canção. Não numa canção de embalar ou numa canção de conforto. Numa canção suave de verdades simples, épica de grito e ébria de vinho.

Não foi uma epifania que aconteceu naquela rua. O homem olhou para a criança e o sorriso imaginado transformou-se em lágrimas que abriram rios de pele na sujidade que se pensava já ser a sua face.

The man sat down on the forest green with spring with a spoon, some lemon juice and the desire to reach heaven. But the forest was not a forest, in fact it was a foul street and the desire to reach heaven was in fact pleasure’s death throes. He heard the chirping that was the scream of a desperate woman seeing her son playing there, without hope. He drew a smile of happiness that in fact was the contorted stare of fleeting joy.

The troubadour chewed and spat reality in the lyrics and tunes of a song. Not in a lullaby or a comfort song. In a soft song of simple truths, epic in its scream and inebriated in its wine.

It wasn’t an epiphany that happened on that street. The man looked upon the child and the imagined smile transformed into tears that drew rivers of skin on the dirt already thought to be his face.




Stay out super late tonight
picking apples, making pies
put a little something in our lemonade and take it with us
we’re half-awake in a fake empire
we’re half-awake in a fake empire

Tiptoe through our shiny city
with our diamond slippers on
do our gay ballet on ice
bluebirds on our shoulders
we’re half-awake in a fake empire
we’re half-awake in a fake empire

Turn the light out say goodnight
no thinking for a little while
lets not try to figure out everything at once
It’s hard to keep track of you falling through the sky
we’re half-awake in a fake empire
we’re half-awake in a fake empire

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei muito.
Um mundo de aparências, leviandade, mundano e podre.
Andamos tontos a pensar que o sentido da vida é a vida que levamos, quando, na realidade, somos manietados. Somos levados a pensar, muitas vezes, pela cabeça dos outros e em função dos interesses obscuros não sabemos nós bem de quem, nem de onde partem. E isso só ajuda a nos baralhar ainda mais. E a não questionarmos a razão de ser do que nos rodeia e nos afoga. Confundimos a verdade.
Limitamo-nos a ir na corrente e a vida foge-nos das mãos como acontece a esse homem que descreves, o qual se senta "na floresta verdejante de primavera com uma colher, sumo de limão e o desejo de chegar ao céu”, mas afinal “a floresta não era uma floresta, era antes uma rua suja e o desejo de chegar ao céu era antes o prazer nos estertores da morte”.
Embora seja uma crítica à sociedade norte-americana, aplica-se à generalidade das nações, incluindo a nossa.