Wonder Woman 1984 de Patty Jenkins e Como Chegou o Momento Certo!

(sem spoilers)

Este post tem várias camadas de emoção. A última deixo-a para o final. A primeira é que falar sobre a minha personagem favorita da BD e da ficção é uma tarefa ao mesmo tempo fácil e difícil - e os que sempre me honraram em ser meus leitores sabem-no muito bem. Fácil porque as palavras não têm dificuldade em sair-me dos dedos. Difícil porque a objetividade sai pela janela fora. Tudo o que escrever neste post deve ser lido com os olhos de quem tem gostos maiores que a razão. É por isso que vou já vos poupar e dizer logo à cabeça que adorei o novo filme da Diana, Princesa de Themyscira, a Mulher-Maravilha, realizado e escrito por Patty Jenkins e protagonizado por Gal Gadot. Por isso, isto não é de modo algum uma análise cuidada e cinematográfica do filme, mas uma crónica de amor e de agradecimento.

Se puderem ver este filme numa sala de cinema, com todos os preceitos de segurança que estes tempos impõem, façam-no. As paisagens e emoções que Patty Jenkins nos prepara são de tirar a respiração e de fazer o coração voar. Elas devem ser apreciadas no glorioso espetáculo da tela gigante, colados ao ecrã, para que os olhos não se desviem para fora da imagem. As salas agradecem.

A realizadora e a atriz provam o quanto percebem quem é a Diana. Eu, que sou fã da personagem há mais de 30 anos, tenho de confessar que a emoção tomou conta de mim em mais do que um momento. Para um homem já com algumas décadas de vida, foi uma sensação maravilhosa (pun intended). Sem vos estragar o prazer de descobrirem o enredo,  os artífices deste filme navegam a personalidade da MM com a destreza de quem a ama e de quem tem a certeza que ela ainda tem algo relevante para dizer nos dias de hoje - 80 anos depois de ter nascido. Isto sem esquecer de dar camadas espessas de personalidade, conflito e dúvida a uma personagem que, muitas vezes, é de tal forma "idolatrada" pelos escritores de BD que aparenta não ter falhas. A Diana de Jenkins e Gadot é o foco e o centro da ação e do enredo, sem esquecer, claro, os antagonistas. Raras são as vezes em que uma atriz encapsula de forma tão cheia a personagem que (a) escolheu e, neste caso, esse golpe de sorte volta a acontecer. Graças a ela e a um argumento que, volto a sublinhar, percebe perfeitamente quem é a Diana, todo o filme brilha - mesmo que, por vezes, tenha uma ou outra opção de enredo que se estranha. 

Como podem concluir, é muito difícil ser objetivo quando escrevo sobre uma personagem que me diz tanto. A Mulher-Maravilha é uma protagonista que faz falta a um mundo cínico, negro e isolado, em que estamos atomizados nas nossas casas, refugiados nos nossos egos e nas nossas preocupações pessoais. A Diana oferece altruísmo, sacrifício, esperança e sorriso quando o mundo inteiro ameaça ruir à nossa volta. Ela tem conflitos e dúvidas como todos nós, mas persevera porque tem de ser, porque precisamos dela. Ela é mais do que mãe. Ela somos todos nós no nosso melhor. E precisamos, de vez em quando, de ser lembrados de que somos bons e dispostos a fazer mais pelos outros. A compreender os outros. Sem violência, mas antes com diálogo e empatia. Isso é a Diana para mim e é também por isso que este filme é tão importante para os dias de hoje.

E agora o final deste post, que também vai ser um final para nós, aqui no blogue. Acho apropriado o último post que escrevo ser sobre a Diana  - ou o penúltimo, se quisermos ser técnicos e não emocionais. Chegou a altura de dizer um "até logo, vemo-nos no mundo real!". Amanhã digo os adeus apropriados, mas queria já escrevê-lo aqui, porque ressoa bem. É melodioso. 

Obrigado a todos os que me leram. E obrigado à Diana, à Patty e à Gal. Não existem emoções grandes o suficiente, palavras eloquentes o suficiente, para agradecer-vos a todos.

3 comentários:

Nuno Mata disse...

Bem. Depois disto tenho mesmo de ir ver o filme. Este teu texto é gigante de emoção e até te imagino de olhos a brilhar e a escrever de coração ao alto. Notei que tens tanto mais para dizer da tua Wonder Woman que penso que o Acho que Acho iria explodir de emoção e fugir ao controlo. Tenho de ir ver isso. Depois falamos Zé! Depois partilharemos emoções. Grande Abraço.

Nuno Mata

Nuno Mata disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
SAM disse...

Obrigado e vemo-nos num copo num bar qq.